Jovem cego impedido de estudar funda empresa avaliada em R$ 340 milhões

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Quando era adolescente, o indiano Srikanth Bolla foi impedido de estudar matemática e ciência por ser cego. O caso foi parar no Tribunal Superior do estado onde ele vivia e o jovem venceu. Alguns anos depois, ele cursou o ensino superior no MIT, nos EUA, e decidiu fundar uma empresa em seu país de origem para empregar outras pessoas com deficiência.

A  indústria cinematográfica da Índia, vai fazer um filme sobre a vida de Srikanth Bolla, jovem fundador de uma empresa avaliada em US$ 65 milhões (quase R$ 340 milhões).

Nascido em uma família de pessoas pobres e analfabetas, em uma zona rural da Índia, ele era evitado pela comunidade. “Disseram aos meus pais que eu não podia nem vigiar minha própria casa porque não conseguiria ver caso entrasse um cachorro de rua”, conta.

“Muitas pessoas disseram a meus pais que eles deveriam me matar com um travesseiro”, lembra o hoje empresário de 31 anos. Ignorando a todos, seus pais o apoiaram.

E quando ele completou 8 anos, seu pai anunciou boas notícias. Srikanth havia conseguido uma vaga em um internato para crianças cegas e se mudaria para a cidade grande mais próxima, Hyderabad, a 400 km de distância, no Estado de Andhra Pradesh (hoje em dia, Hyderabad pertence a dois Estados: Andhra Pradesh e Telangana).

Embora estivesse muito longe de seus pais, Srikanth estava animado e se adaptou rapidamente. Ele aprendeu a nadar e a jogar xadrez e críquete com uma bola que emitia sons para que pudessem localizá-la.

Srikanth gostava de seus hobbies, mas também começou a se perguntar sobre seu futuro — ele sempre sonhara em ser engenheiro.

Ele sabia que seria preciso estudar ciências e matemática. Mas a escola negou uma vaga para o jovem, alegando que seria ilegal para ele cursar as disciplinas.

As escolas indianas são administradas por várias entidades e cada uma tem suas próprias regras. Algumas são ligadas a governos estaduais ou a conselhos centrais, outras são administrados de forma privada.

A escola de Srikanth era administrada pelo Conselho Estadual de Educação de Andhra Pradesh e, como tal, não tinha permissão para ensinar ciências e matemática a alunos cegos mais velhos.

Isso era considerado um desafio muito grande devido aos elementos visuais envolvidos no estudo das disciplinas, como diagramas e gráficos. Em vez disso, alunos cegos estudavam artes, línguas, literatura e ciências sociais.

Srikanth ficou frustrado com a lei arbitrária que não se aplicava a todas as escolas. Um de seus professores também ficou frustrado e encorajou seu aluno a agir.

Em 2007, eles encontraram um advogado e, com o apoio da equipe de gestão da escola, entraram com um processo no Tribunal Superior de Andhra Pradesh solicitando uma mudança na lei educacional para permitir que alunos cegos estudassem matemática e ciências.

Srikanth começou a ouvir um boato de que uma escola convencional em Hyderabad, ligada a uma entidade diferente, oferecia ciências e matemática a alunos cegos.

Srikanth ficou feliz e se inscreveu. Ele era o único aluno cego da turma, mas diz que foi recebido “de braços abertos”. Depois de seis meses, houve novidade nos tribunais: Srikanth havia vencido seu caso.

O tribunal decidiu que alunos cegos poderiam estudar ciências e matemática em seu último ano em todas as escolas estaduais de Andhra Pradesh.”Eu me senti extremamente feliz”, diz Srikanth.

Srikanth logo retornou a uma escola pública estadual e estudou matemática e ciências, obtendo uma média de 98% em seus exames. Ele se inscreveu em universidades nos Estados Unidos e recebeu cinco ofertas.

Ele escolheu o MIT (Massachusetts Institute of Technology), onde se tornou o primeiro estudante cego internacional.

Enquanto estudava, ele também fundou uma organização sem fins lucrativos, o Centro Samanvai para Crianças com Múltiplas Deficiências, para educar jovens com deficiência em Hyderabad. Depois de estudar ciência da administração no MIT, ele recebeu várias ofertas de empregos, mas decidiu não ficar nos EUA.

Ele pensou: “Por que não abro minha própria empresa e emprego pessoas com deficiência?”. Srikanth retornou a Hyderabad em 2012 e fundou a Bollant Industries.

A empresa fabrica produtos ecologicamente corretos, como embalagens de papelão ondulado, a partir de folhas caídas das palmeiras de jardim e está avaliada em US$ 65 milhões.

No ano passado, aos 30 anos, Srikanth entrou na lista de Jovens Líderes Globais 2021 do Fórum Econômico Mundial e espera que dentro de três anos as ações de sua empresa Bollant Industries sejam listadas simultaneamente em várias bolsas de valores internacionais.

Bollywood também quer contar sua história com um filme biográfico estrelado pelo conhecido ator Rajkummar Rao.

Fonte: BBC Brasil

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