Jovem com paralisa arrecada 1 tonelada de tampinhas para comprar e doar cadeiras de rodas

PUBLICIDADE

Campanha em Rio Claro (SP) teve Luiz Guilherme da Silva, de 23 anos, como idealizador e contou com a ajuda de sua madrasta. Doações vieram de amigos, familiares e moradores.

Por Gabrielle Chagas, G1 São Carlos e Araraquara

Mesmo sem poder andar e falar, o jovem Luiz Guilherme da Silva, de 23 anos, que tem paralisia cerebral, se tornou símbolo de uma campanha beneficente em Rio Claro (SP). Com o apoio dos amigos, a família arrecadou mais de uma tonelada de tampinhas de garrafa para comprar cadeiras de rodas para doação.

A ideia surgiu em um programa da associação que ele frequenta e virou uma corrente do bem entre rio-clarenses e até moradores de cidades vizinhas.

“O Gui sempre quis fazer o bem, mas ele não consegue sozinho. Ele quer mostrar para os outros que todo mundo pode fazer, ele teve a iniciativa e agora basta a gente continuar realizando”, disse a madrasta Raquel Kapp da Silva, que divulgou a campanha nas redes sociais para conseguir mais doações.

Jovem com deficiência arrecada mil kg de tampinhas para comprar cadeiras de rodas e doar — Foto: Raquel Kapp da Silva/Arquivo pessoal

Comunicação

Por causa da deficiência – que foi adquirida no parto após a mãe não resistir a uma eclampsia –, Gui teve a coordenação motora, a fala e os movimentos limitados. Apesar disso, ele não teve prejuízo cognitivo, chegou a ser alfabetizado e terminou os estudos.

Como a limitação física atinge a fala do jovem, Raquel desenvolveu um método para que eles se comunicassem e Gui pudesse falar para eles o que gostaria de fazer. “É uma comunicação alternativa. Todo mundo fala que eu sou a que mais entende, mas é porque eu falo bastante e fico perguntando até entender o que ele quer falar”, contou a madrasta.

Para isso, a família sempre o coloca para assistir aos jornais na televisão e o leva para os lugares para que ele escute outras pessoas.

“Quando ele quer se comunicar através da fala de alguém, ele já grita na hora para a gente prestar atenção, porque geralmente é o que ele pensa ou o que ele gostaria de fazer”, explicou.

Arrecadação

Há dois anos, Gui e seu pai começaram a frequentar o Rotary da cidade e ajudar nos eventos e campanhas. No fim de novembro, o jovem começou a arrecadar tampinhas de plástico e lacres de latinhas junto com as crianças e adolescentes do projeto Interact.

“Ele nem tem idade para participar do Interact, porque ele estava com 23 anos e são jovens de 12 a 18 anos, mas eles o empossaram como emérito para ele poder participar. A ideia era juntar bastante entre as famílias para comprar cadeiras de rodas de doação”, contou Raquel.

A proporção da iniciativa aumentou depois que a madrasta foi a um jantar com o Gui e ele tentou falar para ela que gostaria que ela compartilhasse o pedido de arrecadação com seus amigos.

A publicação na internet foi compartilhada e chegou até a pessoas de cidades vizinhas. Os primeiros 300 kg de tampinha surpreenderam Raquel, mas as doações não pararam de chegar.

“Esse projeto aconteceu para ele se sentir útil, porque ele vive a vida por nós. Ele tem 23 anos e quer fazer alguma coisa, quer trabalhar, mas infelizmente não consegue, então a gente faz por ele”

O jovem Luiz Guilherme da Silva, de 23 anos, gosta de fazer campanhas para ajudar pessoas — Foto: Nilson Porcel/EPTV

Outra campanha

Essa é a segunda vez que o Gui faz uma grande campanha para arrecadar e doar produtos. No meio do ano passado, quando a família se preparava para a festa junina, o jovem começou a ficar inquieto e olhar para o armário.

“Achamos que ele queria comer alguma coisa com leite, mas fomos mudando as perguntas e fomos percebendo que não era comida, era com a caixa do leite. E aí a gente descobriu que ele queria doar caixas de leite”, contou Raquel.

 

A família fez uma força-tarefa e pediu que cada um dos participantes contribuísse com um litro de leite. O resultado foi mais de 50 litros arrecadados para um abrigo de idosos da cidade.

“Cada hora ele inventa uma coisa para ajudar alguém, acho que Deus deu isso a ele, a missão dele é essa, unir todo mundo”, disse o pai Luiz Antônio da Silva.

PUBLICIDADE
PLÍNIO DPVAT