Mulher foi indiciada pela Polícia Civil pelos crimes de homicídio doloso e ocultação de cadáver. Criança está desaparecida desde 2 de março e delegado revela denúncias de maus-tratos.
A 1ª Vara de Itapira (SP) decretou na noite desta sexta-feira (24) a prisão preventiva de Jennifer Natalia Pedro, mãe da bebê Ísis Helena, após aceitar denúncia oferecida pelo Ministério Público pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsa comunicação de crime. A menina está desaparecida desde 2 de março – veja abaixo histórico.
A decisão é da juíza Vanessa Aparecida Bueno e o local onde a medida cautelar deve ser cumprida não foi confirmada até esta publicação.
“Além da gravidade concreta das condutas, as circunstâncias do caso retratam que, antes de sua prisão temporária, a acusada se valeu de expedientes para atrapalhar as diligências policiais e prejudicar a colheita de provas. Anoto ainda que a prisão preventiva é necessária para a garantia da ordem pública, não apenas para evitar a reprodução de fatos criminosos, mas também para acautelar o meio social e a própria credibilidade da Justiça, em face da gravidade dos crimes e sua repercussão, evitando a odiosa sensação de impunidade”, diz trecho da decisão
Na segunda-feira, Jennifer confessou o crime contra a filha, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). No dia seguinte, o advogado que até então atuava na defesa dela decidiu renunciar porque, segundo ele, houve “quebra de confiança” diante da confissão.
De acordo com o delegado seccional de Mogi Guaçu (SP), José Antônio, antes deste caso Jennifer já havia sido denunciada ao Conselho Tutelar por maus-tratos contra a criança, em Itapira.
“Segundo ela, ela temia pela vida dela, principalmente pelas denúncias anteriores que havia contra ela na questão de maus-tratos e, segundo ela, temia traficantes da cidade. Essa foi a alegação e consta no interrogatório”, conta o delegado antes de falar sobre o perfil da mãe da bebê.
“Ela se mostrou extremamente fria, calculista, insensível, com mudança de comportamento em frações de segundos […] Ela participou da morte da criança, não há dúvida nenhuma”, ressalta.
Contradições
Segundo a Polícia Civil, ao longo das apurações a mulher apresentou depoimentos diferentes e com contradições. Em um deles, diz o delegado, ela relatou sobre um piquenique perto da Igreja do Virgulino, em dia de chuva. Embora o caminho fosse de terra, ela voltou para casa e a motocicleta usada no percurso estava limpa, informou a polícia sobre uma situações que gerou desconfiança.
No último relato, de acordo com Antônio, a mãe da bebê admitiu ter desaparecido com o corpo da filha e fez até um desenho do local onde teria jogado o corpo. Ela alegou que a criança estava com febre, recebeu medicamento e depois mamadeira com leite. Contudo, a bebê se asfixiou com leite, ela teria descoberto no dia seguinte e, com medo de represália, decidiu desaparecer com a bebê.
Ainda segundo a Polícia Civil, Jennifer fez um desenho onde indicou a região das Duas Pontes, às margens do Rio do Peixe. O local é alvo de buscas feitas pela polícia e Defesa Civil desde a semana passada, mas o corpo da bebê não foi localizado até esta publicação.
A princípio, a versão da mãe era a de que a menina havia desaparecido enquanto ela saiu para sacar dinheiro com a avó da criança. No relato da mãe à época, a criança teria ficado na casa com o avô, que a família desconfia sofrer de Alzheimer. A mãe afirmava, então, que, quando voltou, a porta da casa estava aberta e a bebê não estava mais no local.