Ele teria desviado aproximadamente R$ 600 mil da campanha da criança que faz tratamento contra atrofia muscular espinhal (AME), uma doença degenerativa rara.
Uma audiência de instrução e julgamento do caso Mateus Henrique Leroy Alves, de 37 anos, suspeito de desviar dinheiro arrecadado durante uma campanha para o tratamento do filho, foi realizada nesta quarta-feira (2), em Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, para ouvir as testemunhas do caso.
Uma nova audiência foi marcada para a próxima quarta-feira (9) porque o réu não se manifestou e a irmã dele não compareceu à sessão. De acordo com a Polícia Civil, Mateus arrecadou doações pelas redes sociais para comprar remédios para o filho, que tem atrofia muscular espinhal (AME), uma doença degenerativa rara, mas teria desviado aproximadamente R$ 600 mil.
O homem foi preso em um hotel em Salvador após a Polícia Civil receber informações de que ele teria viajado a passeio com o valor que seria para cuidar da criança. O crime chocou a cidade de Conselheiro Lafaiete, a cerca de 100 km de Belo Horizonte.
Policiais Civis da cidade chegaram a fazer uma corrida de rua, em junho, também para arrecadar dinheiro com objetivo de ajudar a família. Foram mais de 500 inscritos. A polícia não informou o valor, mas disse que parte foi usada pelo suspeito.
Um áudio que circula nas redes sociais mostra a angústia de uma mulher que teria ajudado na campanha. “Eu estou acabada. Como um ser humano pode fazer isso? Não estou conseguindo acreditar. Muito difícil. Muito difícil. Como é que vou dar esta notícia pros outros? Tanta gente que entrou na campanha através de mim”, disse.
Segundo as investigações, dos cerca de R$ 1 milhão e 17 mil arrecadados, ele teria gasto mais de R$ 600 mil. Em um único dia, chegou a sacar R$ 100 mil em espécie.
Segundo o delegado que investiga o caso, Daniel Gomes, a mãe da criança teria procurado a polícia por desconfiar da atitude do marido, que vinha se afastando da família aos poucos e, que, desde o início do mês, sumiu e não deu mais notícias. Ela e o suspeito mantinham quatro contas bancárias para o recebimento das doações, sendo cada um responsável por duas delas.
Ainda de acordo com o delegado, Mateus teria descoberto as senhas das contas administrada pela esposa e teria efetuado vários saques vultuosos e transferências. As operações eram realizadas para contas em nome do suspeito e em nome de outras pessoas, que a Polícia Civil ainda está investigando qual a relação delas com o suspeito.
Em entrevista à reportagem da TV Globo, ele disse que estaria sendo extorquido e que parte do dinheiro foi repassada a criminosos. Mateus contou que estava com medo e, por isso, fugiu, sem chamar a polícia.