Justiça condena em dois processos traficante indiciado pela morte de Vitória Gabrielly

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Em penas somadas, ele deve cumprir 25 anos por tráfico de drogas, associação criminosa e posse de arma e munição; processos correram por Itapevi e São Roque, no interior de SP.

A Justiça condenou em dois processos o homem também indiciado por homicídio e apontado como o cobrador de uma dívida de drogas que terminou com a morte da estudante Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, em Araçariguama (SP).

Somando as sentenças da Justiça em Itapevi e da Comarca de São Roque (SP), o réu deve cumprir 25 anos de prisão por tráfico de drogas, associação criminosa, posse de arma e munição. A defesa dele não foi localizada.

Odilan Alves foi preso em 2019 quando era investigado por comandar o tráfico em Araçariguama. Segundo a Polícia Civil na época, ele tinha confessado o comando da venda de entorpecentes nos pontos do Jardim Brasil.

A condenação na Vara Criminal de Itapevi, da juíza Carolina Hispagnol Lacombe, foi baseada na arma, munições e drogas encontradas por policiais civis na casa dele após a prisão em Araçariguama. Neste processo, em primeira instância, foram 15 anos em regime fechado.

Nos autos, a defesa tentou a absolvição do réu por suposta insuficiência de provas e fragilidade dos depoimentos dos policiais. No entanto, a perícia recuperou anotações da movimentação da contabilidade dos crimes em um notebook e conversas em um celular.

Já no processo na Justiça de São Roque, que foi publicada em 6 de novembro de 2020 pelo juiz Flavio Roberto de Carvalho, foram determinados 10 anos de cumprimento em regime fechado e três anos para os outros réus detidos na época.

Em juízo, Odilan negou os fatos e disse que tinha ido para Araçariguama no dia da prisão para conversar com um pedreiro que supostamente havia contratado para construir uma casa na cidade.

Contudo, foi abordado pelos policiais e levado à delegacia, onde havia um mandado de prisão temporária contra ele por contra da venda de drogas e organização criminosa.

“Como coordenador da associação criada em Araçariguama orientava os associados a agirem com violência conforme destacado, usando o medo e o terror como forma de manter o controle dos pontos de vendas e dos participantes da associação, e da coação a própria comunidade, que era obrigada a aceitar as regras do réu, ou seja, o réu restringia com o medo, e violência a liberdade de muitos, inclusive como ‘julgador’ de um tribunal do crime”, escreveu o juiz.

Vitória Gabrielly foi encontrada morta oito dias após desaparecer em Araçariguama — Foto: Reprodução/TV TEM

Vítima confundida

A polícia investigava a situação de que Vitória Gabrielly foi raptada, morta e deixada em um matagal em 2018 depois de ser confundida com a irmã de um rapaz que devia para os traficantes. O inquérito que investigava a situação foi relatado à Justiça e o réu também foi indiciado por homicídio.

Segunda a Polícia Civil, o suspeito também era conhecido como “irmão Nicolas”, “Gustavo” e “Bryan”. Odilan morava em Itapevi (SP) com a esposa. No dia da prisão do traficante, outras quatro pessoas foram presas suspeitas de trabalharem para ele.

Nossa reportagem teve acesso aos depoimentos dele e de uma jovem entre os quatro presos. A menina afirmava que um irmão dela chegou a fugir de casa após ser ameaçado de morte por Odilan, também por uma dívida.

A identificação dele como o mandante da outra cobrança, que teve como consequência a morte de Vitória, foi possível em função de características passadas em depoimento ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo.

Segundo a Polícia Civil, uma denúncia anônima informou que ele estaria no bairro Jardim Brasil, em Araçariguama, quando foi detido. Ele estaria recolhendo dinheiro de drogas quando teve o carro parado por policiais civis.

Ainda cabe recurso na Justiça sob as sentenças nas Comarcas de São Roque e Itapevi.

Corpo de menina desaparecida em Araçariguama é encontrado ao lado de patins em área de mata — Foto: Divulgação/PM

Caso Vitória

O desaparecimento da menina mobilizou buscas de moradores e policiais pela região. O corpo foi localizado no dia 16 de junho de 2018, em uma mata. Dias depois do crime, um morador de Mairinque procurou a polícia e disse que o servente de pedreiro Júlio Ergesse havia contado para ele que esteve com o casal e a menina achada morta.

A informação desdobrou a investigação e identificação de três, que também moravam em Mairinque, cidade vizinha de Araçariguama. O casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes e Júlio estão presos em Tremembé, no Vale do Paraíba (SP), enquanto o processo corre pela comarca de São Roque (SP). Os três negaram os crimes.

Júlio foi o único condenado em um júri no processo da morte de Vitória Gabrielly. O casal deve ser julgado em 2021. (Com informações do Carlos Henrique Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí)

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