Resultado do exame foi encaminhado para o Poder Judiciário; exame toxicológico confirmou que Denise Stella não estava dopada no momento do crime
A Polícia Civil divulgou nesta segunda-feira (11) o resultado do laudo de confronto genético da designer Denise Stella, morta em abril deste ano, que estava grávida. O exame confirmou que o principal suspeito de ter cometido o crime era pai do bebê. A polícia informou que o documento já foi encaminhado ao Poder Judiciário de Rio das Pedras (SP), que vai analisar o laudo.
Além deste exame, a polícia também recebeu o laudo toxicológico da vítima, que comprovou que Denise não estava dopada quando o crime aconteceu.
O caso
A designer era moradora de Saltinho (SP) e foi morta na noite de 24 de abril. O corpo dela foi encontrado dois dias depois em um canavial entre Piracicaba (SP) e Tietê (SP). Denise mantinha um relacionamento secreto com o acusado, que era casado e gerente da fábrica de roupas onde ela trabalhava. A vítima tinha 31 anos e estava grávida de dois meses.
Na época do crime, o homem confessou ter matado Denise, mas afirmou que teria se negado a romper com a esposa para ficar com a designer. Segundo a versão dele, a vítima não teria aceitado o fim do relacionamento, houve uma discussão e durante a briga ele a matou.
O homem permanece preso preventivamente desde o final de maio, quando venceu a prisão temporária dele.
Crime cruel
O Ministério Público denunciou o assassino confesso pelos crimes de homicídio qualificado, aborto e ocultação de cadáver. Segundo a Promotoria, a investigação apontou para crime premeditado. A acusação incluiu cinco “qualificadoras” do assassinato, entre elas tortura e feminicídio (matar por razões ligadas ao fato de a vítima ser mulher).
O promotor Fábio Aparecido Gasque, que ofereceu a denúncia na Justiça, ao detalhar as acusações, afirmou que o crime foi mais grave do que se pensava inicialmente. Gasque classificou o assassinato de “bárbaro”, “cruel” e de uma “gravidade exacerbada”.
Motivação e tortura
Segundo o promotor, o homem matou a amante porque ela estava grávida e ele não concordava com a gestação. O gerente não chegou a pedir que a vítima praticasse o aborto, mas agiu de forma dissimulada para fazê-la acreditar que iria assumir o relacionamento com ela e, ainda conforme Gaspe, para atraí-la para um encontro amoroso no local do crime, onde a agrediu de diversas formas e a asfixiou até a morte com o cinto de segurança do carro.
Aborto
Embora não tenha pedido para que a designer fizesse o aborto, o acusado praticou esse crime ao matar a amante que ele sabia estar grávida, conforme a Promotoria. “Ele não negou em momento algum que o filho fosse dele e, pelo contrário, segundo as investigações, falava para a vítima que iria assumir (o relacionamento com) ela e a criança”, disse o promotor. O filho do casal seria uma menina.
Pela atual legislação brasileira, a realização do aborto é um crime contra a vida humana, e por isso é passível de prisão da gestante que o provocar ou que consentir que outro o provoque. O aborto não é crime em apenas três ocasiões: quando há risco de morte para a mulher causado pela gravidez, quando a gravidez é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.
Também foi apontado pela investigação e pela perícia, que o suspeito agrediu Denise de forma inesperada. “Passou a torturar a vítima, agredindo-a na região do couro cabeludo da cabeça, olhos, tórax, abdômen e principalmente na região pélvica (altura do útero)”, afirma o texto da denúncia.
Ocultação de cadáver
O documento da Promotoria enviado à Justiça detalha ainda: “Após consumar os crimes de homicídio e aborto, Cristiano assumiu a direção do veículo e seguiu pela estrada de terra, jogando o corpo da vítima em uma ribanceira de difícil acesso, visando ocultar o cadáver. Posteriormente, ele abandonou o automóvel em uma área rural que liga os municípios de Rio das Pedras e Saltinho, a uma distância de aproximadamente 3,5 quilômetros de sua casa, e então retornou para sua residência”.
Reconstituição do crime
A reconstituição do crime foi feita em agosto deste ano a pedido da Promotoria para tirar dúvidas sobre as divergências apresentadas pelo suspeito nos interrogatórios. Durante o trabalho realizado pela Polícia Civil e Ministério Público (MP), o acusado deu uma versão diferente da fornecida no primeiro interrogatório policial. Segundo o homem, a morte aconteceu de forma acidental. Entre as diferenças, ele afirma que, antes de jogar o corpo em um canavial na região, tentou “ajudar” Denise, mas desistiu quando percebeu que ela já estava morta.