Lava Jato prende 12 suspeitos de esquema de extorsão dentro da Receita Federal

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Força-tarefa afirma que analistas cobravam propina de investigados para reduzir multas.

Por Arthur Guimarães e Marco Antônio Martins

Agentes da Lava Jato no RJ prenderam nesta quarta-feira (2) 12 suspeitos de participar de um esquema de extorsão dentro da Receita Federal, contra investigados da própria força-tarefa.

Marco Aurelio Canal, supervisor de Programação da Receita na Lava Jato do Rio e apontado como chefe do esquema, é um dos presos. Dois mandados de prisão ainda não foram cumpridos: o de José Carlos Lavouras – que está em Portugal – e de uma mulher.

A Lava Jato contou com escutas autorizadas pela Justiça e ações controladas – como adiar o cumprimento de mandados de prisão – para localizar os suspeitos.

Segundo as investigações, o esquema na Receita prosperou à medida que a Lava Jato avançava. A suspeita é que Canal, que tinha acesso a detalhes dos investigados, usava os dados para lhes extorquir dinheiro – em troca de redução ou cancelamento de multas.

Pedidos de prisão preventiva

  1. Daniel Monteiro Gentil, preso;
  2. Elizeu da Silva Marinho, preso;
  3. José Carlos Lavouras; foragido;
  4. Marcial Pereira de Souza; preso;
  5. Marco Aurelio da Silva Canal, preso;
  6. Monica da Costa Monteiro Souza;
  7. Narciso Gonçalves; preso;
  8. Rildo Alves da Silva; preso;
  9. Sueli Monteiro Gentil.

Pedidos de prisão temporária

  1. Alexandre Ferrari Araujo; preso;
  2. Fabio dos Santos Cury; preso;
  3. Fernando Barbosa; preso;
  4. João Batista da Silva; preso;
  5. Leonidas Pereira Quaresma, preso.

 

Os 14 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Na casa de Elizeu, a PF apreendeu R$ 120 mil em espécie.

Nova delação e dossiê

A operação desta quarta é baseada em novas delações de Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor – a federação das empresas de transporte do estado – e de Ricardo Siqueira. Ambos são réus em fases da Lava Jato.

Lélis afirma que Elizeu Marinho foi o intermediário do pagamento de R$ 4 milhões em propina para Canal. O objetivo era anular uma autuação contra a Fetranspor. Pela negociação, Elizeu receberia R$ 520 mil.

Canal já tinha sido citado no inquérito sobre ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que tramita na própria corte, como um dos responsáveis por uma apuração feita pela Receita sobre 133 contribuintes, entre os quais o ministro Gilmar Mendes e a mulher dele. Segundo as investigações, Canal distribuiu esse dossiê a outras pessoas.

No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão do procedimento de investigação.

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