Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado no dia 6 de fevereiro a 12 anos e 11 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no processo que investiga uma reforma no sítio em Atibaia (SP).
Por Adriana Justi e Gianmario Goles, G1 PR e RPC Curitiba
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado recentemente em um processo da Lava Jato sobre a reforma do sítio em Atibaia (SP), escreveu em um documento de intimação que é inocente e que vai recorrer da sentença.
“Não reconheço a legitimidade dessa sentença, sou inocente, por isso, vou recorrer”, escreveu Lula ao assinar o documento, nesta sexta-feira (15).
O ex-presidente foi condenado a 12 anos e 11 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no dia 6 de fevereiro, e a defesa dele já tinha informado que iria recorrer da decisão no mesmo dia.
Segundo a oficial de Justiça responsável pela entrega do documento, Lula só recebeu a intimação na sexta por causa de vários desencontros com os advogados dele.
O processo apura se Lula recebeu propina por meio da reforma do sítio. A sentença da juíza substituta Gabriela Hardt, da primeira instância, é a segunda que condena Lula na Operação Lava Jato no Paraná. Outras 12 pessoas foram denunciadas no processo.
O ex-presidente está preso desde abril de 2018 em Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e 1 mês determinada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na primeira condenação dele na segunda instância pela Lava Jato. Ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP).
A juíza Gabriela Hardt declarou na nova sentença ter ficado comprovado que:
- a OAS foi a responsável pelas reformas na cozinha do sítio de Atibaia no ano de 2014;
- as obras foram feitas a pedido de Lula e em benefício de sua família, sendo que ex-presidente acompanhou o arquiteto responsável, Paulo Gordilho, ao menos na sua primeira visita ao sítio, bem como o recebeu em São Bernardo do Campo para que este lhe explicasse o projeto;
- Lula teve ciência das obras realizadas pela Odebrecht em seu benefício e da sua família, porque foi informado sobre o cronograma pelo empresário Emílio Odebrecht;
- o ex-presidente visitou o sítio quando ainda faltavam alguns acabamentos;
- notas fiscais referentes à reforma, entregues a seu advogado e amigo Roberto Teixeira, foram encontradas na residência de Lula;
- foram executadas diversas benfeitorias no sítio, mas consta da denúncia somente o valor pago à empresa Kitchens, no valor de R$ 170 mil;
- todos os pagamentos efetuados pela OAS à Kitchens foram feitos em espécie, no intuito de não deixar rastros de quem era o pagador;
- toda a execução da obra foi realizada de forma a não ser identificado quem executou o trabalho e quem foi o beneficiário;
- não houve ressarcimento à OAS dos valores desembolsados pela empresa em benefício de Lula e de sua família;
- depoimentos de delatores, testemunhas e outros réus, além de trocas de mensagens, planilhas de pagamentos, laudos, notas fiscais e quebras de sigilo bancário e fiscal, atestam o envolvimento de Lula.