Ditador venezuelano diz que prisão do presidente da Assembleia Nacional por seus agentes de inteligência foi ato midiático.
Em claro sinal de aumento da tensão entre Caracas e Brasília, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou nesta segunda-feira, 14, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de “Hitler dos tempos modernos” e criticou as políticas econômicas liberais do novo governo do brasileiro. Maduro já havia, na semana passada, qualificado Bolsonaro como “fascista”.
“E aí temos o Brasil, nas mãos de um fascista. (…) Bolsonaro é o Hitler dos tempos modernos. Não tem coragem nem decisões próprias, é um fantoche”, disse Maduro em discurso no plenário da Assembleia Nacional Constituinte, controlada pelo chavismo.
Esta não foi a primeira vez que Bolsonaro foi comparado ao ditador alemão, responsável pela deflagração da II Guerra Mundial e do Holocausto de mais de 6 milhões de judeus. Durante a campanha eleitoral, o então candidato do PDT Ciro Gomes chamou seu rival do PSL de “hitlerzinho tropical” durante evento em 29 de agosto de 2018, em Brasília.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, recebeu as qualificações de “demônio” e de “personificação do mal” do ditador venezuelano. Assim como o Brasil e a Colômbia, a própria Organização dos Estados Americanos (OEA) já declarou como ilegítimo este novo mandato de Maduro.
Maduro criticou a política de privatizações anunciada por Bolsonaro ao longo da campanha eleitoral e indicou que o povo brasileiro deverá se insurgir contra a medida. “O povo brasileiro se encarregará dele. Deixemos o tema Bolsonaro ao formoso povo brasileiro, que lutará e se encarregará dele.”
Desde 2016, o governo brasileiro abandonou seu apoio ao governo venezuelano e passou a pressioná-lo a retomar o curso democrática. O governo de Bolsonaro deu um passo além. Considerou claramente o regime de Maduro como uma ditadura e conseguiu imprimir esta visão a todo o Grupo de Lima, o mecanismo interamericano composto por 14 países para cobrar de Caracas a redemocratização e o cumprimento das regras do Estado de direito.
Na última sexta-feira 11, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, declarou-se chefe de Estado interino da Venezuela até a eleição democrática de um novo presidente da Venezuela, o Itamaraty expressou o apoio do governo brasileiro. Em nota, afirmou ser a Assembleia Nacional um “órgão constitucional democraticamente eleito”.
Fonte: VEJA