Mãe de bebê agredido e morto fala em ‘vida destruída’; padrasto é suspeito

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Polícia Civil afirma que padrasto é o principal suspeito pela morte de Emilly Valentinna Andrade, de sete meses. Menina não resistiu após ser internada com diversos hematomas e suspeita de traumatismo craniano.

“Minha vida acabou. Deixei minha filha em casa, com saúde, para poder trabalhar e garantir o sustento dela, e voltei sabendo que ela poderia ter sido vítima de agressão. A perda dela me trouxe um vazio enorme”, desabafou a feirante Alessandra Andrade, de 21 anos, mãe da bebê de sete meses que morreu com suspeita de maus-tratos em Peruíbe, no litoral paulista. Segundo a Polícia Civil, o padrasto é o principal suspeito.

A suspeita de maus-tratos contra Emilly Valentinna Andrade foi apontada pela equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Peruíbe após a criança dar entrada já em estado grave no início da tarde do dia 7 de março. De acordo com a Polícia Militar, as equipes foram acionadas para ocorrência de violência contra uma criança. A menina foi internada com diversos hematomas e suspeita de traumatismo craniano.

Conforme relata a feirante, ela estava trabalhando no dia do ocorrido e tinha deixado a filha aos cuidados do padrasto. Segundo informações, quando conheceu o companheiro, ele já tinha filhos e aparentava ser um bom pai. “Durante o nosso convívio, ele também parecia ser uma ótima pessoa. Eu já tinha deixado a Emilly com ele uma vez ou outra para eu ir trabalhar, então achei que nessa vez ocorreria tudo bem”, diz.

De acordo com Alessandra, ela já conhecia o suspeito desde a época da escola, mas eles não tinham muita proximidade nessa época. O casal só havia começado a conversar há algum tempo, por intermédio de um amigo dos dois, e, conforme relata a feirante, eles namoravam há dois meses. Atualmente, eles já estavam morando juntos.

Há pouco tempo, a feirante, que morava em Itanhaém, se mudou para o bairro Caraguava, em Peruíbe, para tentar uma vida melhor. Na região para a qual se mudou, também moram a irmã e mãe dela. “Minha irmã que ficava com os meus filhos quando eu precisava, só que ela teve que viajar para Brasília”, afirma.

No dia em que Emilly teria sido vítima de agressão, Alessandra afirma que foi avisada no trabalho que a filha estava em estado grave, na UPA da cidade. “Eu não conseguia entender e nem acreditar, porque tinha deixado ela em casa e bem. Até aí ainda não passava pela minha cabeça a possibilidade de que ela tinha sido agredida”, desabafa.

Ao receber a notícia, ela afirma que correu para o hospital. Ao chegar lá, encontrou a mãe [avó de Emilly] já assustada. “Minha filha não tinha uma agressão aparente, mas já estava fraquinha e desacordada. Eles pensavam que ela estava engasgada, porque foi a versão que o padrasto deu. Mas quando fizeram o raio-x, viram que tinha uma lesão na cabeça, causada por uma pancada”, relembra.

Após ser levada para UPA, Emilly foi encaminhada com urgência para o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, onde permaneceu em coma. A mãe foi levada a delegacia para prestar depoimento, juntamente com o companheiro, e ambos foram interrogados. Segundo Alessandra, até este momento, ela ainda acreditava na possibilidade que a filha tinha caído.

Apenas depois de prestar o depoimento é que a feirante conseguiu ir ao hospital para onde a filha foi encaminhada. “Até aí eu não sabia o que tinha acontecido. Eu fui para a rodoviária e o padrasto da minha filha ainda me acompanhou até lá. Quando eu cheguei no hospital, o médico me falou que aquilo não tinha sido uma queda e sim algo proposital, que minha filha tinha sido agredida por uma pancada muito forte, e que tinham tentando matar ela. Aí que a ficha caiu e meu mundo acabou”, relata.

“A minha filha não dava trabalho nenhum. A primeira coisa que veio na minha cabeça foi que ele [companheiro] estava mentindo. Perguntei para ele o que ele tinha feito com a minha filha e ele disse que não tinha feito nada, que ela havia engasgado”.

Cinco dias após a internação, a menina não resistiu. Além dela, Alessandra é mãe de gêmeos, de três anos, que, segundo ela, presenciaram a agressão. “Depois que comecei a ligar todos os pontos. Um dia antes disso tudo, ela tinha machucado a boca e ele [padrasto] disse que foi com um brinquedo. Teve outro dia que ela estava com o rosto roxo e ele disse que ela caiu da rede. Nessa vez, até a levei para o hospital correndo, mas os exames não deram nada. Alguns dias antes da minha filha ir para o hospital, ele a pegou no colo e ela não parava de chorar. Quando tirei ela do colo dele, ele foi bem agressivo”, relembra.

 

A feirante afirma que o momento ainda é muito difícil para toda a família. “Vi minha filha ali, sem reação, e percebi que eu não tinha mais o que fazer. Veio um sentimento ruim por não ter percebido isso antes, por confiar, por pensar em tudo que eu podia ter feito para evitar. Mas não dava para imaginar que ele seria capaz disso. Todo o esforço da minha vida, meu trabalho, é pelos meus filhos. Então quero que a justiça seja feita. Toda a vez que lembro da última vez que vi minha filha, é como se uma parte de mim tivesse sido destruída”, destaca.

Investigação

O caso foi registrado como violência doméstica e lesão corporal na Delegacia Sede de Peruíbe e a equipe de investigação do delegado Marcos Roberto da Silva acompanha o caso. O padrasto, assim que soube da denúncia, compareceu à delegacia espontaneamente para prestar depoimento.

Na UPA, ele alegou que a criança havia se engasgado com a mamadeira, de acordo com a Polícia Militar. Já para a Polícia Civil, o padrasto disse que a bebê caiu. Além do suspeito, diversas pessoas já foram ouvidas e o caso continua sob investigação.

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