Saindo para as ruas: cabo Tiengo orienta seu filho, o soldado Tiengo, em mais um dia de trabalho pela frente.
Neste domingo (12), celebra-se o Dia das Mães, data instituída no Brasil em 1932, pelo então Presidente Getúlio Vargas, mas cujas festividades em torno desta personalidade (mãe) tiveram início em tempos bastante remotos.
Coincidentemente o dia 12 de maio também é o Dia da Policial Feminina, imagem igualmente importante no zelo pela segurança de toda uma coletividade para a qual esta profissional trabalha – zelo que pode ser comparado ao de uma grande ‘mãe de todos’.
Sandra Tiengo – a cabo Tiengo – há 23 anos e 9 meses é policial militar e mãe de três filhos, dois deles também policiais e revela como é conciliar as duas atividades.
“Meu sonho de infância sempre foi ser policial militar. Quando me casei, meu marido já era policial militar e me incentivou muito a seguir meu sonho. Aos 22 anos, mãe de dois filhos na época, pois hoje são 3, eu ingressei na carreira”, recorda ela, acrescentando que sua primeira unidade foi o extinto Terceiro Batalhão de Polícia Feminina, policiamento específico para apoiar mulheres, crianças e idosos.
Após dois anos de serviço, ela atuou na Corregedoria da Polícia Militar e em 2002 veio para São João da Boa Vista, onde permanecerá até se aposentar, o que deve ocorrer daqui a 7 anos.
Quanto às dificuldades enfrentadas, Sandra analisa que foram as mesmas por que todas as mulheres passam, como mostrar que são tão competentes quanto os homens, com proatividade, dinamismo e força física e emocional.
“Hoje não há mais preconceitos — homens e mulheres trabalham e desempenham as mesmas funções, mas há 20 anos, era complicado, os homens eram machistas demais. Hoje é diferente e eles sabem que somos parceiras e extremamente competentes”, observa ela.
O dia 12 de maio foi instituído pela Lei 11.249 de 4 de novembro 2002 como Dia da Policial Feminina e Sandra enfatiza que, se tivesse a chance de voltar no tempo, escolheria novamente a polícia militar.
“Mesmo que pese ter tido marido ferido com arma de fogo e meu filho com disparo acidental com arma de fogo, ser policial militar não é uma profissão, é um sacerdócio. É um amor que só quem usa a farda cinza bandeirante sabe descrever”, reconhece a cabo Tiengo.
Quando seus dois filhos mais velhos resolveram seguir a mesma carreira – o mais velho, 26 anos, trabalha em São Paulo e o segundo, 24 anos, trabalha com ela-, Sandra conta que se sentiu muito feliz com a escolha deles.
“Afinal, eles seguiram a minha carreira, amo saber que meu exemplo trouxe valores inestimáveis para eles, fico muito entusiasmada e empolgada com cada conquista deles”, exclama a policial feminina.
Para John Phillip Oliveira Tiengo, policial militar que, além de ser filho, compartilha o mesmo ambiente de trabalho com Sandra, o fato de ter a mãe policial feminina não o influenciou na escolha da carreira. “Eu optaria por esta profissão da mesma forma”, diz o policial.
John Phillip também pontua que sua mãe é uma pessoa muito trabalhadora, esforçada e que, mesmo nos momentos difíceis, ‘não deixou a peteca cair’.
Sandra, por sua vez, lembra que foram muitas as noites em que, por estar de plantão, deixou os filhos com as avós ou com os tios. “Graças a Deus, eles me ajudaram muito. Hoje sou eu que ajudo a cuidar do filho dele, para ele tirar seus plantões. Ele vive o que eu vivi”, comenta ela, se referindo ao John Phillip.
Dividindo o mesmo ambiente de trabalho, eles confessam que não é difícil separar o pessoal, o lado família, do profissional. “Não há confusões, pois eu sou cabo e ele é soldado, mas, mesmo havendo a hierarquia, não tem como mudar o fato de que eu sou a mãe dele. Sempre que ele chega no quartel, me dá um beijo e me chama de mãe. Eu sou a Tiengo e ele é o Tienguinho”, finaliza ela, entre risos.
