Músico seguirá como regente.
O maestro João Carlos Martins, de 78 anos, se apresentou pela última vez como pianista em um concerto em Piracicaba (SP) nesta quarta-feira (19). Para se despedir do instrumento em concertos, ele escolheu a canção “Thank You”, de Dave Brubeck, um agradecimento pelos anos em que pôde deslizar os dedos pelo piano. “Agradeço a Deus tudo que o piano me ofereceu”, declarou durante o concerto.
A canção veio em forma de BIS após a apresentação do maestro com a Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP). O Teatro Municipal Dr. Losso Netto estava lotado para acompanhar o concerto. Após a apresentação, o maestro agora segue apenas como regente em sua carreira.
A decisão de deixar o instrumento veio por problemas de saúde que o impedem de continuar tocando. O maestro já passou por 23 cirurgias na tentativa de recuperar movimentos dos dedos. Ele é portador de uma doença degenerativa e já teve lesões por esforços repetitivos nas duas mãos. A despedida foi emocionante e humorada.
“Não gosto de tratar com piedade. Hoje é a última vez que estou tocando, em teatro, piano na minha vida. É claro que é um dia difícil pra mim, a dor é uma coisa violenta que eu tenho nas mãos pelo meu problema degenerativo. Fiz operação até no cérebro e consegui alguns resultados paliativos, mas finalmente vou partir para a vida só de regente”, disse durante o concerto.
Ele contou ainda que, ao perder o movimento da mão direita, aproveitava as viagens na carreira internacional, para procurar médicos, que sempre disseram que o problema não tinha cura. Com isso, passou a frequentar mais a igreja, mas não houve milagre. Depois foi a um pai de santo, que o garantiu que, em um ano, a mão direita estaria semelhante à esquerda.
“Ele falou ‘meu filho, não se preocupe, em um ano sua mão está igualzinha a outra’. Um ano depois fechou a esquerda”, concluiu fazendo o público rir.
Apresentação final
Durante o concerto, Martins tocou o piano em cinco canções e regeu outra. Antes do BIS, o maestro interpretou “Concerto para piano”, do Mozart; “Yesterday” e “Love of My Life”, dos Beattles e Queens; Gabriel’s Oboe, de Enio Morricone; e Libertango, de Astor Piazzolla.
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