Incêndio envolvendo dois ônibus de romeiros Anápolis (GO) e uma carreta com combustível, em Araras (SP), ficou conhecido como uma dos piores acidentes rodoviários do país.
O maior acidente ocorrido na Rodovia Anhanguera (SP-330) e um dos piores do país completa 20 anos neste sábado (8). Na madrugada de uma terça-feira, após um feriado prolongado, 53 pessoas morreram no local e 35 ficaram feridas na tragédia que envolveu dois ônibus com 98 romeiros goianos, uma carreta de combustível e um caminhão carregado com bebida, em Araras. Duas pessoas morreram em hospitais.
Tragédia
O acidente aconteceu por volta da 3h, no km 179, entre as cidades de Araras e Leme (SP), em um trecho de subida.
Um caminhão carregado com 26 mil litros de diesel e 6 mil litros de gasolina saiu da pista, tombou no canteiro central e explodiu criando uma enorme cortina de fogo e fumaça, comprometendo a visibilidade da pista.
Na sequência, os dois ônibus, um em seguida do outro, que tentaram passar pela cortina de fumaça, também entraram no canteiro central sendo atingidos pelo fogo que em poucos minutos tomou os três veículos.
Um caminhão carregado com bebidas, que passava na pista do outro lado da rodovia, perdeu o controle, caiu no canteiro central a cerca de 100 metros do acidente e também foi incendiado.
O prefeito de Araras na época, Warlei Colombini, não quis que os corpos fossem colocados em sacos e mandou vir caixões das cidades vizinhas, que foram numerados e mais tarde foram levados em um caminhão refrigerado para o Instituto Médico Legal (IML) de Campinas (SP).
Romeiros
Quase todas as vítimas eram romeiros de Anápolis (GO) que voltavam de uma excursão a Aparecida do Norte (SP). Morreram também os motoristas dos caminhões e de um dos ônibus.
No total, 53 pessoas morreram no local – entre elas, muitas crianças – e pelo menos duas vítimas morreram depois em consequência das queimaduras em hospitais. Todos eram parentes, amigos ou vizinhos. Algumas famílias perderam muitos entes no acidente. Entre os motoristas dos quatro veículos, apenas o que dirigia o segundo ônibus sobreviveu.
Dezenas de romeiros feridos foram levados para hospitais de Araras e Leme e muitos foram transferidos depois para hospitais especializados em queimados em locais como Jundiaí (SP) e Anápolis (GO).
Os sobreviventes ficaram em alguergues da região esperando por parentes ou a identificação dos corpos, que foi complicada e demorada.
Depois foram levados para a base da Força Aérea de Pirassununga (SP), onde pegaram um avião da FAB para levar Anápolis que também levou alguns feridos.
Dificuldade de identificação
O trabalho de identificação ds vítimas demorou dois meses. A situação dos corpos – todos carbonizados – dificultou o trabalho.
A identificação foi feita no Instituto Médico Legal de Campinas, por uma equipe de seis legistas e três dentistas, com ajuda de profissionais e laboratórios da Unicamp.
Os corpos foram levados para o IML em caminhões refrigerados. Os primeiros foram identificados com ajuda de objetos pessoais, depois em outros foram feitos exames da arcada dentária e houve 16 casos em que foi necessário fazer exame de DNA, uma prática ainda rara na época.
O trabalho foi coordenado pelo legista Fortunado Badan Palhares, que o classificou como “dificílimo”.
Investigação
A Polícia Civil de Araras abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Euclides Aureliano de Oliveira, motorista de um dos ônibus, foi indiciado e condenado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pela morte de 18 passageiros.
Em uma entrevista na época, o delegado Assis Cristofoletti disse que o inquérito apontou negligência e imprudência de Oliveira.
Durante a investigação, ele esteve em Anápolis ouvindo 72 pessoas, entre familiares das vítimas e sobreviventes do acidente.
Acidente está entre os maiores do país
O acidente com os romeiros em Araras está entre os mais graves do país. Foi o segundo maior do estado e depois dele nunca mais foi registrado um acidente rodoviário nestas proporções, com um número tão elevado de vítimas.
O maior acidente rodoviário do Brasil aconteceu em março de 1988, no sertão baiano, quando 67 pessoas morreram após um caminhão pau-de-arara capotar e cair em um precipício na cidade de Cachoeira (BA).
O maior acidente do Estado São Paulo aconteceu em 1960 em Guapiaçu e ficou conhecido como o acidente do Turvo. Um ônibus com estudantes de uma escola de São José do Rio Preto (SP) caiu no rio Turvo e vitimou 59 jovens que participavam de um coral e viajavam para fazer uma apresentação.
Com informações do G1
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