Manifestantes protestam contra construção de central hidrelétrica em Cachoeira de Emas

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Movimentos de proteção do Rio Mogi Guaçu em Pirassununga (SP) e região dizem que rio está sendo impactado. Empresa Aratu diz que foi feito projeto técnico e há compesação ambiental.

Ativistas ambientais e moradores de Pirassununga (SP) fizeram uma carreata em protesto contra a construção de uma hidrelétrica no distrito Cachoeira de Emas, na manhã desta sexta-feira (21)

A manifestação pacífica foi organizada pelo movimento “Preserva Rio Mogi” e teve o objetivo de chamar a atenção e sensibilizar a população e as autoridades sobre os danos ambientais causados ao Rio Mogi Guaçu, não somente em Cachoeira de Emas, mas ao longo da sua extensão.

“No início eles colocaram como se fosse uma coisa boa, com energia limpa, mas quando a gente visita o local a gente vê o processo de degradação que existe lá e é de arrepiar, as pessoas que chegam lá se chocam”, afirmou a professora Vânia Marquezini.

Ela conta que o movimento ganhou adesão de várias cidades da região que percebem o impacto que o Rio Mogi Guaçu tem sofrido.

“Nós temos pessoas de Descalvado, de Araras, de Leme que também citaram muito a degradação do rio Mogi, por isso que a gente não está colocando um evento unicamente em cima de Cachoeira de Emas, mas agora se tornou um movimento sobre o rio Mogo que está sendo degradado e a gente não pode esperar que ele seja totalmente destruído para depois a gente tentar trazê-lo à vida, a gente precisa cuidar do que a gente tem”, afirmou a professora.

Os manifestantes saíram do Parque Municipal “Temístocles Marrocos Leite”, seguindo pelas principais ruas da cidade, até Cachoeira de Emas, onde pararam em frente à sede da empresa Aratu, que ganhou a concessão da usina, fazendo um buzinaço. Veja abaixo o posicionamento da empresa.

Polêmica

A construção de uma usina hidrelétrica com dez turbinas em Cachoeira de Emas tem causado preocupação aos moradores da região que criaram uma comissão pra protestar contra a instalação e o desmatamento de uma área apenas para servir de canteiro de obras.

A obra também é ilegal, no entendimento do Ministério Público, que alega que não foram feitos estudos aprofundados pra avaliação dos impactos ambientais na região, principalmente para as espécies de peixes que vivem na região ou usam a cachoeira para fazer a desova. Segundo o MP, também são necessárias avaliações sobre os impactos turísticos, históricos e paisagísticos no local.

Segundo os representantes do movimento, a Prefeitura de Pirassununga liberou, sem autorização legislativa, o desmatamento de uma grande área de mata ciliar e a instalação de turbinas em um local conhecido pela população local como “poção”, onde acontece a reprodução de peixes como o pintado, por exemplo, ameaçado de extinção.

A área a ser desmatada chega a 5 mil metros quadrados. Além de um importante berçário de peixes, Cachoeira de Emas é importante para a economia de Pirassununga, sendo o principal atrativo turístico do município.

Processo pede interrupção de obras

Existe um processo judicial de autoria popular tramitando, que solicita a interrupção das obras até que sejam realizados estudos conclusivos acerca dos impactos ambientais em virtude da instalação da usina, mas enquanto o processo tramita, as obras seguem.

Em abril de 2022, a Justiça chegou a suspender a obra. No entendimento do juiz Rafael Pinheiro Guarisco, da 3ª Vara Cível de Pirassununga, a obra estaria em desacordo com o contrato de concessão, com a lei municipal que autoriza o uso do espaço e com os estudos de impacto já existentes.

O que diz a Aratu

A empresa Aratu S/A que conseguiu a concessão da hifrelétrica disse que 85% da infraestrutura da usina será reaproveitada de outras duas barragens que haviam sido construídas no passado e que o local que foi desmatado receberá as turbinas e há uma compensação ambiental pelo impacto causado.

“É feito um projeto que a gente avalia qual a vegetação existente, a fauna existente, todo o bioma existente e apresenta à Cetesb e realiza limpeza da área necessária para poder fazer a construção. Para dar uma ordem de grandeza, na área que vai ser construída a casa de força, nós vamos suprimir somente 5 mil m², o que representa menos de 1% da margem, então o impacto é muito controlado”, afirmou diretor técnico da empresa, Ricardo Flores.

O diretor disse ainda que a compensação ambiental já está sendo realizada. “Logo após as obras toda a área vai ser recuperada, vai ser plantada novamente com as espécies nativas. Por conta dessa supressão de vegetação, que nós temos uma compensação florestal, que nós já realizamos ela em uma área de 72 mil m², onde foram plantadas mais de 10 mil mudas desde 2020”,

Nossa reportagem entrou em contato com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para saber sobre as autorizações dadas à Aratu na região e os possíveis impactos das obras e aguarda retorno. (Com informações de João Victor Neo, EPTV1)

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