População acredita que causa seja poluição devido ao despejo de esgoto sem tratamento. Diretoria municipal de Meio Ambiente confirma mortes, mas desacredita o motivo.
Por EPTV
Moradores, pescadores e até visitantes de Araras (SP) estão preocupados com a mortandade de peixes no rio Mogi Guaçu registrada nos primeiros dias de setembro. Eles acreditam que o esgoto despejado sem tratamento seja a causa do problema.
De acordo com o diretor municipal de Meio Ambiente, Luiz Pitelli, a mortandade no início do mês foi confirmada, mas não teve ligação direta com a poluição do rio (Veja posicionamento completo abaixo).
Prejuízo
O empresário Renê Betini mora em Valinhos e nos fins de semana vai para Araras descansar e curtir a natureza no seu rancho. Há alguns meses, ele percebeu que a saúde do rio não é mais a mesma.
“A tarde, quando vem o vento a gente sente um odor muito forte de podridão, eu acredito que seja por causa do esgoto. Com o rio baixo está prejudicando bastante a qualidade da água”, disse o empresário.
Para a comerciante Susi Camargo, que mora na beira do rio, o impacto da poluição é preocupante.
“É triste porque é um rio maravilhoso, ele já ajudou muitos pescadores. Hoje em dia, acabou. Não pega mais peixe, pesca só um pouco e isso está errado”, contou.
O marido da Susi e pescador, Michel Vicentin, disse que a diminuição dos peixes vem acontecendo há alguns anos e, com isso, o movimento de pessoas tem diminuído. “Muita gente hoje deixa de comprar e consumir o peixe, por causa da falta de tratamento de esgoto”, disse.
Histórico
A prefeitura não tem números atuais sobre a quantidade de esgoto produzido pela cidade, mas até 2014 eram produzidos 280 litros de esgoto doméstico por segundo.
Há quatro anos, todo o esgoto produzido pela cidade de Araras é despejado sem tratamento nos rios, passando também pelo rio Arari.
O tratamento dos efluentes foi interrompido em 2015, depois que a antiga estação foi desativada por questões estruturais, de acordo com a prefeitura.
Tratamento
Mesmo sem o tratamento, a população afirma que continua pagando pelo serviço de tratamento de esgoto. Segundo o presidente do Serviço de Água e Esgoto do Município de Araras (Saema), Ari Osvaldo Fischer Filho, a taxa é cobrada por outro serviço.
“Esse pagamento é da nossa manutenção da retirada desse esgoto da residência, então nós temos nossas equipes de plantão 24 horas que trabalham na retirada”, disse.
De acordo com Fischer Filho, uma nova estação começou a ser construída no ano passado, com investimento de R$ 23,6 milhões e capacidade de tratar 708 litros de efluentes por minuto. “Nós vamos coletar 100% e depois 70% será tratada”, explicou.
Mortandade
Pitelli confirmou a mortandade de peixes no começo de setembro e disse que a prefeitura acionou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cesteb) para apurar a causa.
Segundo o diretor, o resultado da análise ainda não saiu, mas ele desacredita que seja por causa do esgoto.
“Pode ter ocorrido várias coisas, foi a primeira chuva de setembro, então teve um volume grande no rio e pode ter deslocado algum lodo do fundo. Se fosse o lançamento, isso acontece dentro do ano, e essa mortandade foi sazonal”, disse.
