Velório da aposentada ocorreu nesta segunda-feira (11), a partir das 13h30 (de MS), no bairro Universitário, em Campo Grande. Vizinhos ainda dizem estar “estarrecidos” com o crime.
Os vizinhos ainda dizem estar estarrecidos com o crime e contam o momento em que a idosa chegou em casa, falando que havia conhecido uma pessoa boa e que afirmava “amar os idosos”.
“A dona Dirce [Santoro Guimarães Lima] estava no ponto de táxi da rua Barão de Mauá, sentada no banco, aguardando algum deles chegar, quando a mulher chegou de carro. Ela parou e disse: ‘Chegou quem a senhora estava precisando. Eu sou motorista, trabalho para os idosos e amo os idosos. Foi assim que ela chegou em casa contando, no mesmo dia que conheceu a mulher”, afirmou a testemunha, que não quer ser identificada.
Ainda conforme a testemunha, a idosa já estava sendo desconfiada de fraude no cartão dela, desde o mês de novembro do ano anterior. “Ela não desconfiava da Pamela no início, somente quando foi lá na loja de departamento reclamar. Antes, quando recebeu outras faturas, ela já tinha falado que o valor estava vindo muito mais do que o normal”, relembrou.
Uma cozinheira de 62 anos, que também mora perto da vítima, disse que a encontrou em um supermercado da avenida Júlio de Castilho, dias antes do crime. “Ela era pequena, franzina, mas, uma senhora bem lúcida. No dia, ela até deu risada porque eu disse que tinha esquecido as sacolas e voltei pra buscar. Todos já sabiam que uma tal de Pamela a estava levando em vários lugares, só que ninguém imaginava que ela seria um monstro”, lamentou.
O inquérito do caso foi finalizado e a polícia indiciou Pâmela Ortiz de Carvalho, de 36 anos, por homicídio qualificado, além da ocultação de cadáver. A pena máxima ultrapassa a 30 anos de prisão. Ela confessou bater a cabeça da idosa no meio-fio e abandonar o corpo em um terreno baldio, na região do Indubrasil.
Outras passagens da polícia
No dia 27 de fevereiro, um comerciante do bairro Coophavila foi até a delegacia e também denunciou Pamela por estelionato, apresentando um cheque sem fundo, em nome dela, no valor de R$ 350. Ela já possuía antecedentes criminais por estelionato, ameaça e furto.
“A vítima apresentou o cheque e o documento foi apreendido. O cheque, em nome dela, era à vista e isso caracteriza o crime de estelionato, já que não tinha fundo. A conta foi aberta no mês de outubro e, dois meses depois, ela aplicou o golpe. O boletim de ocorrência está sendo feito agora inclusive”, falou na ocasião a delegada Christiane Grossi, responsável pelas investigações.
Conforme a polícia, a suspeita ainda tentou despistar a investigação, buscando informações do paradeiro da vítima. Entre outros nomes, Pamela se referia a idosa como “vó, vozinha, vozinha querida”. “No dia que descobrimos o corpo, tiramos fotos e mostramos para a Pamela, e mesmo diante de tantas provas contra ela, ela chegou a dizer: ‘Nossa, o que fizeram com a minha vozinha?'”, disse o delegado Carlos Delano.
A Polícia classificou Pamela como uma pessoa fria, dissimulada e com traços de psicopatia. “Desde o dia que ela chegou aqui, ela manteve o mesmo tom de voz. Sempre se mostrando preocupada com vítima, querendo passar a impressão de uma pessoa boa e do bem. Mas nós sabemos que tudo isso é um grande teatro”, comentou Grossi.
Ainda de acordo com a polícia, Pamela só confessou o crime após sete horas de interrogatório, porém, sustentou a seguinte versão: disse que estava levando a idosa para passear e que, em um determinado momento, houve uma discussão entre elas.
Segundo a suspeita, a vítima teria pulado para fora do carro com o veículo ainda em movimento e batido a cabeça no meio-fio. Na sequência, ela diz que “ficou desesperada e bateu ainda mais a cabeça da idosa no concreto”, em seguida, levou a mulher para debaixo de uma árvore e cobriu o corpo com galhos. A versão é contestada pela perícia, que localizou uma grande quantidade de sangue no local e o rosto da idosa completamente desfigurado, demonstrando que houve agressão intensa.
A motorista postou há 6 meses em suas redes sociais um vídeo pedindo respeito a idosos. O advogado de Pamela, Edmar Soares, disse que a família da cliente informou que ela tem problemas psiquiátricos, e que a motorista fez questão de dizer que agiu em legítima defesa.
Entenda o caso
A idosa estava desaparecida desde o dia 23 de fevereiro, quando saiu de casa no bairro Santo Antônio. Quando houve o desaparecimento, vizinhos informaram à polícia que a aposentada não costumava dormir fora de casa e mantinha o imóvel todo arrumado. A suspeita atuava como motorista particular da idosa desde julho de 2018.
“Ela vivia sozinha e eles estranharam o fato dela não aparecer no sábado e domingo. Então chegaram a pensar que ela poderia estar morta dentro do imóvel”, explicou Grossi.
No outro dia, a polícia encontrou o corpo da idosa na região do Indubrasil . O rosto dela estava completamente desfigurado e havia muito sangue no local do crime, principalmente próximo a um meio-fio.
Pamela foi chamada para prestar depoimento na segunda-feira (26). Durante o interrogatório, apresentou contradições e foi presa. Segundo a polícia, a morte da idosa teria sido motivada pelo fato da vítima ter descoberto que a motorista usou o cartão dela para fazer uma compra no valor de cerca de R$ 1 mil em shopping da capital.