Mulher tem alta após ter 95% do pulmão afetado pela Covid

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Andreia, de 38 anos, deixou hospital com figurino em homenagem à Irmã Dulce, a 1ª santa brasileira.

Nascida em uma família de devotos de irmã Dulce, Andreia da Silva Fernandes cumpriu uma promessa feita pela mãe ao deixar a Santa Casa de Montes Claros (MG), onde ficou por 35 dias internada. Com 95% do pulmão comprometido pela Covid-19, ela passou a maior parte desse período entubada e teve três paradas cardiorrespiratórias.

Para agradecer pela cura, Andreia saiu do hospital com roupas que lembram as que a primeira santa brasileira reconhecida pelo Vaticano usava. “Ela foi internada e entubada no dia seguinte. No terceiro dia, os médicos já nos preparavam para o pior. Independente da religião, muitas pessoas clamaram a Deus pela cura e os milagres foram acontecendo a cada dia. Eu, minha mãe e meu tio somos devotos e falamos que quando ela saísse iria estar com as roupas iguais as da Santa Dulce dos Pobre. Agora, ela tem duas datas para comemorar, o aniversário e esse 17 de março”, fala Fernanda Fernandes, irmã de Andreia.

Irmã Dulce passou ser chamada Santa Dulce dos Pobres após a cerimônia de canonização, realizada em 13 de outubro de 2019, no Vaticano. A santa foi uma das religiosas mais populares do Brasil graças ao trabalho social prestado aos mais pobres e necessitados, principalmente na Bahia. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos.

Na saída do hospital, Andreia foi recepcionada com palmas e com uma música cantada pela irmã. Fernanda fala que a canção escolhida por ela traz uma mensagem de esperança. “Essa música diz que se a gente deve acreditar que é possível, mesmo que o momento seja muito difícil.”

Andreia tem 38 anos, é diabética, hipertensa e obesa. Quando ela foi internada, a mãe e um tio também estavam na UTI para se tratarem da Covid-19. “A gente estava com muito cuidado e nunca imaginou viver tudo isso. Quando a dor bate na nossa porta é que a gente vai ver que a doença é avassaladora, leva entes queridos da gente e ficamos sem saber o que fazer de tanta dor”, lamenta Fernanda.

Ela conta que antes dos três serem hospitalizados, um tio faleceu com a Covid-19. Ele foi sepultado em 30 de janeiro. “Logo após o enterro, todos nós começamos a ter os sintomas. Não tivemos nem tempo de viver o luto. Eu entregava cada dia e cada noite nas mãos de Deus. Chegou um momento que a dor ultrapassou meu coração e eu falei: Cuida, senhor, cuida com sua misericórdia, ela é minha única irmã.”

Após receber alta, Andreia terá que fazer sessões com fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Ela disse à irmã que quer se tornar ministra da eucarística assim que for possível. “Nesse período difícil eu pude contar com meu tio Carlúcio e com uma prima Camila, com que tinha tido um desentendimento e estava há dois anos sem conversar, nós nos reencontramos nesse momento de dor. A doença está aí para unir as pessoas, a gente deve amar enquanto pode. Às vezes, a família deixa de ser unida por causa do trabalho, da correria, de coisas bobas. Hoje, eu posso dizer que temos uma família que renasceu, que encontrou um novo caminho na fé e na união”, destaca Fernanda.

E se ela pudesse deixar um recado após perder um familiar e ter vivido a experiência de ver a irmã, a mãe e o tio lutando pela vida na UTI: “Gostaria de chegar em cada lar, no coração de cada pessoa e dizer para que levem a sério. Fique em casa e cuide de você, porque assim você estará cuidando dos seus. Não temos a cura e nem temos vacinas para todos ainda. Você, que menospreza a doença e que acha está abrindo mão de tantas coisas, pense que esses sacrifícios te permitirão celebrar a vida no futuro.”

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