Músico Jacintho resgata a cultura dos bailes bregas do interior paulista em clipe-documentário

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Gravado na região do Jardim Saulo, local onde vive a maior população de migrantes nordestinos em Leme (SP), a música narra as histórias e tragédias do amor.

O som do forró e do compasso do triângulo estridente são pano de fundo para os depoimentos de histórias reais de paixão, frustração, amor e fracasso, apresentado pelo músico e artista lemense Murilo Jacintho, em seu novo trabalho musical com o clipe-documentário Do Teu Fracasso Veio Minha Dor. O clipe-documentário resgata o universo brega e a cultura nordestina, pulsante nas cidades do interior de São Paulo, lançando uma nova perspectiva sobre o tema no cenário da música independente.

O cartaz anunciando o show da noite, o mosaico com inúmeros retratos de pessoas coladas na parede e bebidas perfeitamente alinhadas em uma prateleira, ajudam a narrar as histórias de fracasso e superação de Célia, Cleusa e Cigano, personagens que contam no clipe-documentário como venceram a amargura do fracasso: com o amparo do filho; por meio da dança; ou um novo amor. Para Jacintho, Do Teu Fracasso Veio Minha Dor cria um elo entre a poesia e a realidade dessas feridas e derivas, e fala sobre como salvar-se dessas tragédias que acontecem na vida amorosa.

Uma dessas histórias marcantes e de superação apresentadas no clipe-documentário é de Célia Vanderlei, que depois de viver oito anos com um companheiro descobriu que estava sendo traída. “Eu segui ele (marido) e peguei na casa de outra. Depois disso falei para ele que a partir daquele dia, ele não era nada meu, apenas o pai do meu filho”. A reviravolta de Célia surgiu com seu filho de seis anos. “Eu tive que superar isso pelo meu filho, e fui vender laranja de porta em porta. Foi assim, que criei ele”.

Do Teu Fracasso Veio Minha Dor conta ainda, a história de Cigano Rodrigues, o qual chegou a dividir seu amor com duas pessoas e após perder quem verdadeiramente amava, caiu na amargura por conta das mentiras. “Eu fiquei várias vezes com a pessoa, e fui pegando amor. Eu gostava de dançar, mas parei por muitos anos, por causa dessa dor. Não ia mais dançar por causa dela e a minha vida deu uma parada. Superei quando comecei a sair, ia para todo lugar, e voltei a dançar”.

Para Jacintho, a música que embala o clipe-documentário faz a amarração desse cenário de simplicidade e elementos herdados, sobretudo da cultura nordestina. “Trata-se de uma mistura da canção Do Teu Fracasso Veio Minha Dor, com os depoimentos de desavenças do coração, junto de um apanhado de imagens que contextualizam a relação suor e lágrimas de um baile que grita o amor”.

E é nesse fracasso que um novo amor supera as dores do que ficou. É o caso de Cleusa Pereira, que chegou a ficar noiva, por dois anos, de um homem sem saber que ele era casado. “Namorei, fiquei noiva dele e só depois de dois anos descobri que ele era casado e tinha filhos. Não teve jeito. Aí fui ficando com outra pessoa, e outra. Fazer o que, é a vida, né”. Cleusa superou as dores do fracasso com um novo amor. Casada e mãe, Cleusa afirma que já esqueceu tudo isso e as mentiras que invadiu seu coração.

“O trabalho emerge de um processo de pesquisa e captação de imagens, e depoimentos dentro do universo dos famosos risca-facas. Bailes suburbanos das periferias de Leme, interior de São Paulo. É um ambiente peculiar e, embalado por ritmos populares como o brega, arrocha e a música sertaneja, onde as canções, majoritariamente, falam sobre desilusões e fracassos do amor”, explica o compositor.

O músico escolheu gravar o clipe-documentário em Leme (SP), no Bar do Chico, um dos lugares mais tradicionais de bailes suburbanos e que fica no Jardim Santa Maria, região dos bairros Santa Paula e Jardim Saulo, onde concentra a maior população migrante nordestina, desde os anos 1980, além de abrigar o Centro de Tradições Nordestinas. “A presença da cultura nordestina é muito forte ali e a minha música dialoga com essas histórias de amor e tragédias, lutas e vitórias. Famílias são formadas, e com isso, perpetuam a tradição da música como forma de lazer e cultura”, explica Jacintho.

Com direção, captação e finalização de Gabriela Andrade e Natan Menezes, o clipe-documentário tem roteiro e produção executiva de Murilo Jacintho, com trabalho de assistente de produção e manking of de Dani Naguel e Lucas Rafael.


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