SBCP não tem números recentes que apontem crescimento; cirurgião Daniel Kiyomura explica que jovens e familiares devem ter cautela ao optar por procedimentos.
A maior divulgação de procedimentos estéticos e a pressão pelo corpo ideal que se propaga nas redes sociais – principalmente durante a pandemia da Covid-19 – refletiram diretamente no aumento do interesse por cirurgias plásticas nos últimos anos. Mesmo diante desse panorama, não é possível confirmar um crescimento na realização de procedimentos no Brasil, principalmente entre o público adolescente.
Isso é o que afirma a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), após divulgar uma nota contradizendo a informação publicada por vários veículos de comunicação sobre um aumento de 141% de procedimentos entre adolescentes nos últimos dez anos. A entidade explicou que o dado creditado a ela não é verídico, já que no período de 2009 e 2020, foram produzidas quatro pesquisas, sendo a mais recente em 2018 (veja mais abaixo).
De acordo com o cirurgião plástico e membro da SBCP, Daniel Kiyomura, apesar de não ter indícios de aumento nos últimos anos, a procura por cirurgia plástica começa ainda na primeira idade, com o objetivo de corrigir deformidades congênitas, retirar pintas ou nódulos e, a partir dos 6 anos, para reparação de orelhas proeminentes (otoplastia). “Na adolescência, entre os meninos, percebemos o interesse por correção da ginecomastia, que é o aumento acentuado das mamas. Contudo, essa condição pode regredir naturalmente com o tempo e por isso precisa de um acompanhamento e avaliação especial. Além disso, entre meninas e meninos, é comum a procura por rinoplastia”, diz.
Kiyomura explica que a decisão de fazer uma cirurgia plástica antes da maioridade deve levar em consideração o impacto que aquela queixa causa para a autoestima e, principalmente, que tenha o consentimento dos pais. Para isso, é importante que o adolescente mantenha proximidade e tranquilidade para conversar com seus responsáveis sobre o quanto aquilo o afeta.
O cirurgião explica que, em alguns casos, os procedimentos são indicados justamente devido ao bullying na infância e para ajudar na construção da autoestima e confiança. “Devemos cuidar e ajudar nossos jovens a entenderem que o processo de decisão da cirurgia plástica não é imediato e envolve muitas questões, por isso é imprescindível o diálogo transparente e livre de julgamentos”, diz.
O que dizem as pesquisas da SBCP
De acordo com a assessoria de imprensa da SBCP, no primeiro censo realizado pela entidade – referente ao período de agosto de 2007 a agosto de 2008 –, o percentual de cirurgias plásticas realizadas em adolescentes de 12 a 18 anos foi de 8% e a maior parte dos pacientes que realizaram procedimentos estéticos foi entre 19 e 50 anos, totalizando 72%.
Já em 2014, o total de cirurgias plásticas realizadas em adolescentes (sem separação entre estética e reparadora) foi de 3% em crianças de até 12 anos e 5,7% em adolescentes de 13 a 18 anos, totalizando 8,7% e um ligeiro aumento de 0,7% em comparação ao censo anterior.
Dois anos depois, em 2016, houve uma queda em relação ao censo anterior: 1,8% de cirurgias em crianças de até 12 anos e 4,8% em adolescentes de 13 a 18 anos, ou seja, um total de 6,6% e uma queda de 2,1%.
Por fim, em 2018, os números se mantiveram iguais ao censo anterior: 1,8% até 12 anos e 4,8% de 13 a 18 anos e 6,6% no total. Para conferir os dados detalhados de todos os censos realizados pela SBCP, acesse www2.cirurgiaplastica.org.br/pesquisas.
Quem é o Dr. Daniel Kiyomura?
Dr. Daniel Kiyomura é formado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com residência em Cirurgia Geral e também em Cirurgia Plástica pelo Hospital Regional de Presidente Prudente.
É especialista em cirurgia plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e, atualmente, atende na Clínica Kiyomura, em São Carlos. (Com informações de Nathália Pereira/Assessoria de Imprensa)