Segundo a Comissão Pastoral da Terra, foram 1.636 resgatados do trabalho escravo no campo no Brasil em 2021, o maior número desde 2013. Pecuária é atividade que mais emprega essa mão de obra.
Do dia 1º de janeiro a 9 de dezembro de 2021, foram resgatadas 1.636 pessoas do trabalho escravo no campo no Brasil. Os dados fazem parte da campanha nacional ‘De Olho Aberto para Não Virar Escravo’, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O número é o maior desde 2013, quando 1.103 trabalhadores foram resgatados do trabalho escravo no país.
Segundo o levantamento, foram 151 casos fiscalizados em 2021, que informavam que 1.929 pessoas estariam em condições análogas à escravidão. O número de resgatados representa um aumento de 102% em relação a 2020, ano em que as operações de resgate foram prejudicadas devido à pandemia.
De acordo com a Pastoral da Terra, as regiões Sudeste e Centro-oeste do país concentram os maiores números de casos de trabalho escravo: 56 e 34, respectivamente. Também possuem os maiores números de pessoas resgatadas, 890 no Sudeste e 405 no Centro-oeste. As regiões também tiveram o maior número de menores de idade resgatados do trabalho escravo, ambas com 17 jovens libertados em 2021.
Entre os estados, Minas Gerais é o que teve maior número de casos e de pessoas resgatadas do trabalho escravo na área rural (731 pessoas), mantendo-se líder no ranking há sete anos, seguido de Goiás (291), e Pará (94). Segundo a organização, isso se deve ao fato de que o estado mineiro possui uma forte atuação das equipes de fiscalização do trabalho.
“Com um quadro de auditores fiscais do trabalho reduzido em 44% do seu efetivo normal em todo o país (estão preenchidos hoje apenas 2.039 dos 3.644 cargos criados em lei), além das reiteradas tentativas do governo federal em fragilizar ainda mais essa atuação, o empenho das equipes garantiu um número elevado de estabelecimentos fiscalizados em 2021”, pontua a CPT.
Em 2021, a pecuária foi a atividade que mais utilizou mão de obra escrava no campo, respondendo por 23% do total de casos. Logo depois, aparecem as lavouras permanentes, que representam 19% dos casos, e as lavouras temporárias, com 18% dos casos. Foi nas lavouras temporárias, no entanto, onde o maior número de pessoas foram resgatadas: 600 no total. A produção de carvão vegetal aparece em último lugar, com 11% dos casos.
A Pastoral da Terra destaca ainda que quase um terço dos casos de trabalho escravo identificados no meio rural em 2021 aconteceram dentro da região da Amazônia Legal. Foram 45 casos, dos quais 38 foram fiscalizados, com 193 trabalhadores resgatados.
Para saber mais, acesse o site da CPT.