Rafael Guilherme da Silva, de 28 anos, fica em rotatória na cidade para destacar busca por uma oportunidade de trabalho. Homem mora em casa alugada e família depende de benefício.
Sem emprego formal há três anos, Rafael Guilherme da Silva, de 28, decidiu usar uma tábua escrita à mão como “currículo” e fazer um apelo para conseguir oportunidades de trabalho em Mogi Guaçu (SP). Ele e a família moram em uma casa alugada de dois cômodos, com cozinha improvisada em área externa, onde está o sofá. Apesar da simplicidade, os R$ 400 mensais sobrecarregam as despesas.
“Sou pedreiro, pintor, mas estou desempregado. Tenho cinco filhos pequenos […] Deus, muito obrigado por você enviar anjos para ajudar eu e minha família”, diz trecho da mensagem acompanhada do número do celular dele.
Silva explica que, ao considerar as cobranças de água e energia elétrica, a conta final aumenta para quase R$ 650. “O que ajuda muito eu a pagar o aluguel é o benefício que ela recebe, o Bolsa Família. Vai tudo para o aluguel e ainda falta muito dinheiro, porque são R$ 300 o benefício”, conta.
Todos os dias, ele caminha ou usa uma bicicleta para seguir até uma rotatória perto do Cemitério Municipal, onde fica com a placa exposta à espera de sensibilizar alguém que possa lhe ajudar. “Essa ideia veio de Deus, estava em um momento de angústia, desesperado”, lembra.
O homem conta que iniciou essa trajetória há uma semana e, por enquanto, ainda não conseguiu um trabalho formal. Porém, recebeu doações de alimentos e fraldas, e ligações para fazer “bicos”.
Entre 2017 e 2019, a cidade contabilizou saldo de 1,8 mil vagas, após registrar 55 mil contratações e 53,1 demissões, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do governo federal. Para Silva, a exposição da placa significa coragem e esperança.
“O que eu mais queria era um serviço registrado, não ficar dependendo de ajuda. Nessa vida faço de tudo, não tem tempo ruim, mas sou profissional na área de pedreiro e pintura. Minha mulher e meus filhos que me incentivam bastante, se não fosse por eles acho que já teria desistido.”