A mãe informou ainda que não foi a primeira vez que Iuri a ameaçou de morte, tendo já registrado os boletins de ocorrências.
Uma briga com vizinho terminou em tragédia familiar na noite desse sábado (25), por volta das 20 horas, na Avenida 4, bairro Terra Nova, em Rio Claro (SP). A informação foi divulgada pelo site Cidade Azul Notícias.
Segundo informações do Boletim de Ocorrência, a equipe da Polícia Militar foi solicitada a comparecer à UPA da 29, onde havia um atendimento uma pessoa que havia sido esfaqueada. No local, foi confirmado que a vítima Iuri Muriel Bertolini de 30 anos havia sido esfaqueado na região cervical posterior e havia ido a óbito as 21h40.
O fato
Segundo os policiais que ouviram a mãe da vítima, ela relatou que seu filho havia brigado com um vizinho, na Avenida 4, na altura do número 2021 no Bairro Terra Nova. Enquanto eles estavam defronte ao imóvel em que ela e seus filhos residem, inclusive chegaram a jogar tijolos e pedras um no outro, danificando um veículo que estava estacionado na referida via pública.
Segundo a Genitora durante a “briga”, Iuri entrou rapidamente na casa em que residem, foi até a cozinha, pegou uma faca em uma gaveta e afirmou que iria matar “Tora”, instante em que ela pediu para seu filho parar com aquela atitude e deixar a faca na gaveta em que a encontrou.
Acacia afirmou que Iuri não a escutou e disse que ela deveria sair da frente da porta que dá acesso a um corredor que leva à via pública, pois “caso contrário iria matá-la antes de matar “Tora”.
De acordo com os policiais militares, mãe informou que tentou segurar o braço de Iuri para retirar a faca de sua mão, tendo o mesmo dito novamente que iria matá-la, isso já no referido corredor, próximo a porta da cozinha, momento em que seu outro filho, que também reside no imóvel, mais precisamente um adolescente de 13 anos de idade, vendo que ela estava sendo ameaçada de morte por Iuri, pegou uma faca que estava sobre um tanque de lavar roupas e desferiu um golpe na altura do pescoço de Iuri, que começou a sangrar e saiu correndo na direção da via pública.
Nesse contexto, aduzem os policiais militares, que Acacia informou que seu filho somente desferiu um golpe com a faca no irmão, com o intuito de
defendê-la contra a atual ou iminente agressão por parte deste, eis que Iuri estava apontando a faca que portava na direção do peito dela e afirmava que iria matá-la antes de matar “Tora”.
Os policiais militares reportaram que a mãe saiu correndo para socorrer seu filho, inclusive chegou a tirar o veículo Ford/Ka, de sua propriedade, da garagem, a fim de levá-lo até a UPA, mas estava muito nervosa e precisou da ajuda de vizinhos que estavam na via pública, cujos nomes não soube informar, para levar o filho até a unidade de pronto atendimento.
A tia da vítima que estava na UPA informou aos policiais que o adolescente estava na casa da Avó, no Bairro do Estádio, a equipe então se dirigiu até o local para ouvir o adolescente.
Ao apresentar a ocorrência os policiais militares informam que o adolescente confirmou o que foi dito por sua mãe e afirmou que somente desferiu um golpe de faca em Iuri, seu irmão, visando defender sua mãe, uma vez que naquele momento ela estava sendo ameaçada de morte por Iuri, que apontava uma faca na direção de sua genitora e dizia que iria matá-la antes de matar o vizinho de apelido “Tora”.
Ameaças anteriores
A mãe informou ainda que não foi a primeira vez que Iuri a ameaçou de morte, tendo já registrado os boletins de ocorrências.
Segundo a mãe ela já havia registrado queixa contra o filho no Plantão Policial da Delegacia Seccional de Polícia de Rio Claro e na Delegacia de Defesa da Mulher de Rio Claro, versando sobre ameaças, sendo que no último, consta que seu referido filho a ameaçou de morte portando um facão, mas nunca ofertou a representação criminal, pois perdoava o filho, pensando que “ele poderia melhorar e não agir de forma tão agressiva”.
A mãe informou que Iuri a ameaçava na presença de seu filho adolescente, e este sempre teve muito receio de que ele cumprisse com que dizia, acabando por matá-la, inclusive chegaram a sair da casa em razão da violência e ameaças praticadas por Iuri.
Ela disse ainda que Iuri era usuário de drogas e sempre causou muito problemas, não só a ela, pois já foi acusado de ter praticado vários delitos, entre os quais, desacato, resistência, ameaça e “porte de droga para seu consumo, eis que era usuário de cocaína e maconha”.
Investigação Policial
Uma outra equipe de policiais militares foram até a casa em que os fatos ocorreram e preservaram o local até a chegada da autoridade policial, acompanhada do agente policial João Ricardo Junqueira Spgeorin, bem como da equipe do Instituto de Criminalística, tendo sido realizados os exames periciais necessários.
Ressaltam os policiais militares que as facas utilizadas por Iuri para ameaçar sua mãe e a que foi utilizada pelo adolescente para defender sua genitora, foram encontradas e apreendidas após os exames periciais.
O delegado de polícia e o agente policial também compareceram na UPA do bairro do Estádio, onde o Dr. Ibanes Prado, médico, confirmou o dados que constam
no documento que ele expediu para ser encaminhado ao Instituto Médico Legal, a fim de ser realizado o exame necroscopico em Iuri, tendo dito que o paciente foi atingido na região cervical posterior da direita e veio a óbito durante o atendimento que recebeu na unidade de pronto atendimento.
O corpo de Iuri foi encaminhado por meio de funcionários da Funerária Municipal de Rio Claro ao Instituto Médico Legal, para o exame necroscópico. Os policiais militares apresentaram no Plantão Policial a genitora e o adolescente.
Os policiais militares disseram que levaram adolescente até o Plantão Policial, pois entendem que ele acabou desferindo um golpe com uma faca em Iuri, com a intenção clara de defender sua mãe contra as ameaças de morte que ela estava sofrendo naquele momento, pois tinha uma faca apontada na sua direção por parte do agressor que veio a óbito, que dizia que iria matá-la antes de matar um vizinho, o qual não foi encontrado.
No Plantão Policial foram realizadas as oitivas dos policiais militares, da mãe da vítima e do adolescente, este na presença de avó.
O Boletim de ocorrência apresenta a seguinte consideração: as provas obtidas até o presente momento demonstram que o adolescente agiu em legítima defesa
de terceiro, mais precisamente de sua mãe, tendo, inclusive, agido com a moderação necessária, pois ao ver Iuri ameaçando matar sua genitora, apontando-lhe uma faca, precisou desferir um golpe com uma arma branca na região cervical posterior à direita de seu irmão, visando evitar a consumação de um possível homícidio deste contra sua mãe, eis que esta se encontrava na iminência de ser morta pelo próprio filho Iuri Muriel Bertolini.
O adolescente foi liberado a sua genitora e a sua avó, a qual assinou o termo de compromisso de que o adolescente será apresentado na Promotoria da Infância e Juventude de Rio Claro quando intimados para tanto, posto que apesar de ter praticado a conduta, em tese, prevista no artigo 121, do Código Penal, as provas evidenciam que agiu de acordo com a excludente de ilicitude prevista no artigo 23, inciso II, do Código Penal.