Na prática, o Uber se apresenta como uma alternativa mais barata do que os táxis.
O Uber, tecnologia que conecta via aplicativo passageiros a prestadores de serviço de transporte terrestre, parece estar chegando em Araras. A Prefeitura confirmou ontem que pelo menos um parceiro da empresa – na verdade uma parceira, uma motorista, protocolou pedido de alvará para atuar na cidade.
Segundo a Secretaria Municipal de Comunicação Social e Institucional, nesta quinta-feira haverá uma reunião entre representantes do Departamento de Fiscalização, do
Demutran (Departamento Municipal de Trânsito), Secretarias de Segurança e de Assuntos Jurídicos, para deliberar sobre a concessão do alvará.
Essa tende a ser a primeira de muitas decisões do tipo a serem tomadas no município, que de acordo com a Lei Federal 13.640, de março de 2016, tem a competência exclusiva de regulamentar e fiscalizar o serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros.
Presente em 65 países, já operando em mais de 100 cidades brasileiras, com 18 mil parceiros no mundo e mais de 20 milhões de usuários, só no Brasil, tudo conforme o site da Uber, a empresa apresenta sua tecnologia como sendo a responsável por transformar
“a maneira como as pessoas se movimentam pelas cidades. Ao conectar, de forma simples, motoristas parceiros e usuários através do nosso app, ajudamos a deixar as cidades mais acessíveis, oferecendo mais opções para usuários e mais oportunidades de
negócios para motoristas parceiros”.
Ainda conforme o portal do Uber (https://www.uber.com/pt-BR), “a ideia surgiu em 2009, quando Garett Camp e Travis Kalanik participavam da conferência LeWeb, na França. Após o evento, ao precisarem retornar para o hotel, encontraram dificuldade para encontrar um táxi, outro transporte público ou até mesmo um motorista particular. Foi então que pensaram que seria incrível poder, a um toque no celular, contratar o serviço de um motorista particular”.
Se em grandes metrópoles como São Paulo ou mesmo cidades maiores que Araras como Campinas por exemplo, o Uber já é comum e tem, inclusive, concorrentes como o Cabify, em municípios menores é novidade e alvo de informações desencontradas.
Mais barato?
Na prática, o Uber se apresenta como uma alternativa mais barata do que os táxis. A reportagem da Tribuna fez informalmente orçamentos com taxista da região central para ver quanto ficaria, por exemplo, uma “corrida” por volta das 15h30, do Supermercado
Pague Menos da avenida Dona Renata até a uma quadra da Escola Estadual Francisco Graziano. Um pouco mais cedo, por volta de 12h, a cotação foi feita pelo aplicativo do Uber. Preços: Uber, R$ 7,01. Táxi: R$ 15,00.
A motorista Juliana Girardelli é parceira do Uber há quatro meses, e presta serviços atendendo passageiros via aplicativo em Limeira, Rio Claro, Campinas e, agora, Araras. Ela conta que trabalha com um carro alugado, um Renaut Logan, e, mesmo assim, consegue ter rentabilidade. “Não em Araras, ainda, porque está no comecinho. Mas na região já compensa, pois é muito utilizado. Componho o orçamento da minha casa com esse serviço”, garante ela, que é casada, tem quatro filhos e antes era mototaxista. “Agora tenho mais segurança e conforto e também posso oferecer isso aos passageiros”, diz ela.
Juliana afirma que protocolou na Prefeitura seu pedido de Alvará como MEI (Microempreendedora Individual) para atuar como motorista particular e argumenta que não existe legislação que a impeça de fazer isso via aplicativo Uber. “Eu fui me informar. E estou com toda a documentação tramitando já”, diz ela, que garante gostar do trabalho. “Sou muito bem tratada pelos clientes. Muitos me chamam e quando eu chego falam: ah, que legal que temos Uber em Araras!”, garante.
Ela afirma, ainda, que trabalha em qualquer período e fica atenta aos dias em que existem eventos na cidade. “Principalmente bailes, baladas e outras festas. Recebo muitos chamados de estudantes que querem se divertir, beber, e depois voltar para casa
sem se arriscar na direção”.
Taxistas dizem ver risco a passageiros e de ilegalidade no serviço
Em todo o Brasil há embates entre taxistas e operadores de serviços como o do Uber.
Ouvido nesta quarta-feira, o vice-presidente e porta-voz da Associação dos Taxistas de Araras, Celso Alves Cavalheiro Filho, disse que a entidade, no momento em fase de formalização, não é contra “pura e simplesmente porque se trata de uma concorrência”,
mas sim, porque vê nas características do mercado de Araras o favorecimento a ilegalidades.
“É o que vem ocorrendo em muitos lugares, inclusive, como já foi demonstrado até em reportagens de veículos de comunicação nacionais. Há muita coisa que não é passada para a população. Muita enganação nisso tudo”, disse ele.
Cavalheiro diz que a prática tem mostrado que “não há rentabilidade para o uberista (parceiro do Uber)”. Ele afirma que “por se apresentar como mais barato, é normal que atraia o usuário. Mas, isso, num primeiro momento parece ser positivo, só que com o
tempo, há dois caminhos: ou o motorista parceiro cai fora, porque não consegue uma remuneração condizente, ou, pior, ele vai para a ilegalidade, pegando passageiros fora do aplicativo do Uber. É o que vemos em notícias em várias cidades, especialmente nas menores, onde a quantidade de corridas é bem pequena na comparação com as grandes”, avalia.
Fidelização
O vice-presidente da associação argumenta, ainda, que em cidades pequenas como Araras, 70% dos clientes são fidelizados e fazem chamadas de corridas pelo celular. “O ponto de táxi funciona muito mais como uma vitrine. É importante e útil para o passageiro, mas não é a principal fonte de clientes para quem é taxista no interior. E eu acho que com os uberistas vai acabar sendo assim, só que pode acontecer de ser sem a devida legalização, o que é prejudicial para todos”, opina.
Fonte: Ana Maria Devides – Tribuna do Povo
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