Estudantes estavam fazendo fotos para álbum de formatura do 3º ano do ensino médio. Imagens viralizaram nas redes sociais e escola se manifestou contrária ao ato.
A comissão regional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) publicou, nesta sexta-feira (12), uma nota em solidariedade e parabenizando os estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Koelle, de Rio Claro (SP), que posaram com uma bandeira do partido para uma foto do álbum de formatura (veja abaixo a nota completa.)
A foto foi feita na quinta-feira (18), com os alunos uniformizados e durante um ensaio fotográfico dentro da escola, para as comemorações da formatura, mas um vídeo, gravado no momento da pose com a bandeira, circulou pelas redes sociais e pelo WhatsApp provocando manifestações contra e a favor do ato dos alunos.
Após a repercussão, o Colégio Koelle fez uma publicação nas redes sociais informando que havia aplicado as sanções disciplinares cabíveis aos alunos envolvidos. O comunicado não especificou quais eram as sanções.
‘Postura problemática’
No comunicado, o PCB diz que entende como muito problemática a postura do colégio e dos apoiadores das sanções, já que a foto com a bandeira trata-se da liberdade de expressão política de estudantes nos seus espaços de socialização e educação.
“Longe de defendermos abstratamente essa liberdade de expressão, afirmamos que o posicionamento do Colégio Koelle reflete uma tendência de buscar remover das escolas não apenas o debate crítico, histórico e cientificamente embasado sobre as diversas ideologias e teorias que fazem parte das lutas de classes de nossa época histórica, mas também de constranger os estudantes que, tendo desenvolvido um grau de consciência de classe, tomaram lado da classe trabalhadora ainda em sua idade escolar”, diz um dos trechos da nota.
Posicionamento do colégio
Em seu comunicado, o Colégio Koelle disse que não autoriza qualquer manifestação político-partidária em suas instalações e que repudia veementemente que alunos, professores e demais colaboradores manifestem seu posicionamento político no ambiente escolar, bem como é “vedado aos professores fazer proselitismo político-partidário ou religioso sob o pretexto de liberdade de cátedra”.
Comunicado do PCB na íntegra
“O PCB vem a público expressar sua solidariedade aos estudantes do Colégio Koelle, de Rio Claro/SP. Ao que nos consta, na quarta-feira, dia 17/11, alguns alunos, em um momento de descontração durante a sessão de fotografia para sua formatura, abriram a bandeira de nosso Partido para tirarem uma foto de cunho pessoal. No dia 18/11, o Colégio Koelle informou, por meio de suas páginas oficiais e redes sociais, que havia sancionado os alunos envolvidos. O Colégio Koelle afirma que repudia “veementemente que alunos, professores e demais colaboradores manifestem seu posicionamento político no ambiente escolar”. É notório que, apesar da alusão ao Regimento Escolar, a única citação direta dele seja sobre a censura aos trabalhadores do local em expressarem suas posições políticas – mas a alegada censura regimental aos estudantes não é citada diretamente.
Entendemos como muito problemática a postura do Colégio e dos apoiadores dessa ação. Por completo acaso, a bandeira estendida que pode ser vista no vídeo que circulou por diversos meios digitais era do nosso Partido, mas o caso não se trata apenas disso. Trata-se da liberdade de expressão política de estudantes nos seus espaços de socialização e educação. Longe de defendermos abstratamente essa liberdade de expressão, afirmamos que o posicionamento do Colégio Koelle reflete uma tendência de buscar remover das escolas não apenas o debate crítico, histórico e cientificamente embasado sobre as diversas ideologias e teorias que fazem parte das lutas de classes de nossa época histórica, mas também de constranger os estudantes que, tendo desenvolvido um grau de consciência de classe, tomaram lado da classe trabalhadora ainda em sua idade escolar. Parabenizamos os estudantes – seja aqueles que de fato compreendem que a bandeira de nosso Partido é um símbolo importante da luta pela emancipação humana; seja aqueles que, mesmo sem concordarem com nossa ideologia, não veem problema em uma brincadeira amistosa em um momento de descontração.
É preciso reafirmar, contudo, que não é à toa que a bandeira de nosso Partido provocou o Colégio Koelle a uma atitude pouco pedagógica e muito constrangedora em relação a seus estudantes. O anticomunismo, tendência de pensamento que foi defendido pelas expressões políticas mais terríveis da nossa história passada e recente, é sempre sintoma de uma visão estreita e, muitas vezes, reacionária sobre o movimento dos trabalhadores. Devemos combater o anticomunismo em suas várias expressões – e essa nota também visa a alertar a todos que essa postura de censura adotada pelo Colégio Koelle abre espaço para outras expressões de pensamento antioperário, antipopular e antidemocrático.
Enfatizamos uma vez mais a solidariedade com todos os estudantes que foram constrangidos por expressarem sua ideologia política ou por se envolverem em uma brincadeira. Saibam todos que o Partido Comunista Brasileiro tem orgulho de, em quase 100 anos de história, ter estado à frente de iniciativas como a organização da União Nacional dos Estudantes e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, defendendo a juventude trabalhadora, inclusive em seu direito de expressar livremente, em qualquer espaço, suas posições políticas, ideológicas e/ou partidárias.”