Sociedade Brasileira de Pediatria se manifestou contra a censura de filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, mas defendeu reavaliação do setor no país.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) se manifestou contra restringir as exibições do filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, longa estrelado por Danilo Gentili e dirigido por Fabrício Bittar. A entidade, porém, recomendou a “revisão urgente dos critérios de classificação indicativa para produtos audiovisuais no país”.
Em um primeiro momento, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) solicitou a suspensão imediata do longametragem nas plataformas de exibição. Após os canais e serviços de streaming se negarem, a Senacon alterou a classificação indicativa do filme para maiores de 18 anos.
O despacho foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta e é assinado pelo secretário nacional de Justiça, José Vicente Santini. O texto alega que a obra audiovisual apresenta “conteúdo com tendências de coação sexual ou estupro, ato de pedofilia e situação sexual complexa”.
“A SBP é veemente contra censura e a favor da liberdade de expressão, mas repudia qualquer iniciativa que, mesmo de forma não proposital, incite ou faça apologia de atos de pedofilia. A defesa de princípios sobre os quais está ancorada a democracia não pode e nem deve justificar a divulgação de conteúdo inadequado, que banaliza atos que ofendem crianças e adolescentes, deixando-os em situação de vulnerabilidade”, argumenta a organização.
” O fato desses comentários terem sido feitos por um dos vilões não reduz o seu impacto, nem livra os espectadores da banalização de ações que devem ser condenadas”, continua o pronunciamento.
Os pediatras do grupo entendem não se tratar de um caso isolado, e sim uma oportunidade para que os critérios de classificação indicativa sejam revistos com a participação dos atores sociais interessados.
“No exercício pleno de sua criatividade, a qual deve ser estimulada, diretores, roteiristas e atores brasileiros devem observar sua responsabilidade. Neste sentido, ações que atentam contra a lei e a dignidade das pessoas, em especial das mais jovens, devem ser contextualizadas e utilizadas de forma a pontuar distorções e suas consequências para quem as promove”, diz a nota.