“O objetivo é proteger o grupo neste momento crítico, fazendo com que a companhia e suas controladas retomem sua estabilidade e, posteriormente, seu crescimento econômico, preservando a continuidade de suas operações e os fornecimentos em curso”, diz trecho do comunicado.
A Bardella, fabricante de equipamentos para setores industriais, ajuizou um pedido de recuperação judicial, depois de registrar prejuízo anual por três anos consecutivos e acumular débitos de R$ 387 milhões.
Com 108 anos de história e quatro empresas controladas, além de uma parceria com a GE Energias Renováveis, a companhia informou na sexta-feira passada que tomou a decisão depois de ser alvo de diversos pedidos de falência e decisões judiciais de penhora de faturamento e execução de garantias em contratos financeiros, além de o mercado de bens de capital não apresentar sinais de recuperação, fatores “que colocam em risco a continuidade de suas operações e de suas controladas”.
“O objetivo é proteger o grupo neste momento crítico, fazendo com que a companhia e suas controladas retomem sua estabilidade e, posteriormente, seu crescimento econômico, preservando a continuidade de suas operações e os fornecimentos em curso”, diz trecho do comunicado.
Na petição de recuperação judicial enviada à 9ª Vara Cível de Guarulhos (SP), a Bardella culpa a deterioração da economia brasileira a partir de 2014 como principal razão para piora da situação financeira da companhia.
No documento, em que solicita a recuperação judicial da companhia e de três controladas — Barefame Instalações Industriais, Bardella Administradora de Bens e Empresas e Duraferro Indústria e Comércio —, a Bardella destaca que a indústria brasileira, principalmente de
infraestrutura, entrou em “uma crise sem precedentes na história do país”, afetadas pela piora da economia e a Operação Lava-Jato, que atingiu os negócios da Petrobras.
“O Grupo Bardella, que possuía diversos contratos direta ou indiretamente com a Petrobras, viu sua receita e carteira reduzir-se substancialmente”, aponta o documento. Também nesse movimento, a indústria, diz a petição, se viu afetada pela queda na oferta de crédito e aumento dos custos.
“Em 2015 e 2016 a crise brasileira se aprofundou em razão do impeachment, em consequência, já em 2015, o setor de bens de capital teve um retrocesso de 25,1% e o de equipamentos para construção teve queda recorde de 57,8%”, aponta a petição.
Por esse motivo, a Bardella teve de diminuir o número de funcionários, reduzir as jornadas de trabalho e renegociar dívidas. A empresa apontou que o quadro de funcionários foi reduzido de cerca de 2 mil em 2013 para aproximadamente 400 atualmente.
“Apesar desses esforços, a grave crise que se instalou por todo o Brasil não permitiu que se concretizasse plenamente a reestruturação financeira das empresas”, diz o texto.
Prejuízos
A Bardella registra prejuízos anuais em série desde 2015. No ano passado, a perda foi de R$ 95,8 milhões, diminuição de 2% ante o prejuízo de 2017. Apesar da relativa melhora no período, o total da carteira de encomendas, representada pela receita líquida de contratos a
executar, encerrou 2018 com R$ 259 milhões. Em 2017, era de R$ 414 milhões.
A receita líquida operacional consolidada atingiu R$ 93,7 milhões em 2018, queda de 31%. A empresa registra uma contração acumulada de 79% da receita desde 2015. A margem bruta consolidada de -8,2% em 2017 passou para -27% em 2018.
A deterioração da situação da empresa também fica demonstrada na evolução de seu patrimônio líquido. A Bardella fechou 2018 em R$ 106,7 milhões, recuo de 49,6% ante 2017.
No resultado de 2018, a companhia indicou que suas atividades foram afetadas pela crise econômica, prejudicando a geração de caixa operacional, ocasionando uma deficiência de capital de giro.
Para tentar melhorar sua situação, a administração indicou que está tomando medidas para ajustar os custos e despesas, incluindo a redução do número de funcionários em suas unidades, que passou de 614 em 2017 para 362 em 2018.
A companhia informou ainda que tem obtido sucesso em renegociações para alongar as dívidas com bancos, fornecedores, colaboradores e sindicatos (dívidas trabalhistas). No fim de 2017, a Bardella concluiu o alongamento do prazo de sua dívida junto ao Banco do Brasil, de R$ 129
milhões, deslocando vencimentos de 2018 para pagamentos parcelados de 2019 a 2025. Em 2018, concluiu a operação de alongamento da dívida com o Bradesco, no montante de R$ 23 milhões, de 2018 para pagamentos parcelados de 2019 a 2024.
A fabricante indicou que está vendendo ativos ociosos, como um imóvel da controlada Bardella Administradora de Bens e Empresas.
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