De acordo com a Cetesb, causa da morte dos peixes seria a baixa oxigenação no trecho do rio, o que seria decorrência das chuvas registradas na cidade nos últimos dias.
Por G1 Piracicaba e região
Entre três e quatro toneladas de peixes foram encontrados mortos no Rio Piracicaba, nesta quarta-feira (4), no distrito Ártemis, em Piracicaba (SP), segundo estimativa do presidente do Instituto Beira Rio, Luiz Fernando Magossi. Ele explica que a morte dos peixes está ocorrendo ao longo dos últimos dois dias.
Peixes de ao menos oito espécies foram encontrados ao longo do trecho percorrido pelo especialista, entre eles, um que estava em extinção e que foi recuperado graças às ações do instituto.
“A tabarana estava em extinção. Nas últimas solturas nossas nós conseguimos repovoar o rio com a tabanara, mas ela estava em extinção há quatro anos”, explica.
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a morte dos peixes ocorreu por conta do baixo índice de oxigênio na região, o que seria decorrências das últimas chuvas na cidade após longo período de estiagem e a baixa vazão do rio [veja a nota completa abaixo]. Segundo a Cetesb, as medições apontaram entre 2 e 4 mg/L de oxigênio, enquanto o ideal é que esteja acima de 5 mg/L.
Magossi, entretanto, questiona a morte dos animais em apenas um trecho do rio. “Como que pode em um só ponto morrer peixe? Se fosse por causa de chuva, seria ao longo do rio inteiro, não só nesse ponto”, rebate.
“Não tenho nem o que falar, é uma tristeza muito grande. A gente não consegue viver desse jeito mais, não é possível”, lamenta o presidente do instituto.
A Polícia Militar Ambiental informou que oficializou a Cetesb sobre o acontecimento, e que cabe à companhia analisar amostras da água, relatar e autuar os responsáveis, caso existam.
Em outubro de 2018, peixes também foram encontrados mortos na mesma região. À época, o Instituto Beira Rio acreditou que a causa foi o despejo irregular de produtos químicos no rio.
“Está na hora de parar de tratar o rio e o meio ambiente dessa forma. Nós temos que dar o respeito e o valor que o Rio Piracicaba tem”, diz Magossi.
O aposentado João Domingos decidiu ajudar na retirada dos peixes mortos da região. Ele conta que está há dois dias trabalhando para preservar o rio.
“Estamos tentando salvar, mas a água está muito ruim e eles estão voltando, tentando procurar por água boa. A água do rio está sem condições para eles. É lamentável, isso não pode acontecer”, diz o aposentado.
“Tem pessoas que lutam para colocar peixe no rio, para ter bastante espécie, enquanto outros não ajudam a salvar nosso rio. É isso o que precisa, salvar o nosso Rio Piracicaba”, finaliza Domingues.
Cetesb
Em nota, a Cetesb informou que técnicos realizaram vistoria no Rio Piracicaba na terça-feira (3) e nesta quarta e constataram a presença de peixes mortos.
“Durante vistorias entre ontem e hoje (3 e 4) técnicos da CETESB constataram a presença de peixes mortos em três trechos do rio Piracicaba: no distrito de Ártemis, a montante e a jusante do canal do Torto. Análises apontaram que a mortandade ocorreu pelos baixos índices de oxigênio, em decorrência das últimas chuvas após longo período de estiagem – e a baixa vazão do rio. Não foram identificados lançamentos de fontes pontuais na região.”