Pesquisa da USP usa casca de romã para prolongar vida útil de morangos

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Para fazer a substância, os cientistas também adicionaram quitosana, substância em pó extraída de crustáceos, e também gelatina. Depois, é só mergulhar os morangos na solução.

Uma técnica criada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos usa a casca da romã para prolongar a vida útil de morangos em até três vezes.

Os pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) extraíram um pó da casca da romã e depois usaram um solvente sintético feito com produtos naturais. Com isso, foi possível obter propriedades que retardam o amadurecimento do morango.

“Na casa da romã encontramos moléculas antioxidantes que são substâncias capazes de retardar os processos de degradação, de envelhecimento dos alimentos”, disse o professor Stanislau Bogusz Junior.

Processo

Para fazer a substância, os cientistas também adicionaram quitosana, substância em pó extraída de crustáceos, e também gelatina. Depois, é só mergulhar os morangos na solução.

De acordo com os pesquisadores, a nova substância permite triplicar o tempo de vida útil dos alimentos. Morangos duram em média quatro dias na geladeira, sem nenhum tipo de conservante. Com o revestimento natural, os cientistas conseguiram manter as frutas em bom estado por até duas semanas.

“Percebemos os morangos revestidos conseguiram manter sua coloração, manter sua textura, não alteraram o aroma, e também têm potencial para manter o mesmo sabor mesmo com o revestimento”, explicou a pesquisadora Mirella Romanelli.

Os resultados foram publicados na revista científica internacional “Journal of Cleaner Production”.

“O nosso material pode ser aplicado no campo ou logo no momento da colheita. A ideia é que os morangos cheguem aos supermercados e hortifrútis já revestidos com toda a embalagem, explicando o material que vem dentro dele e sua composição”, disse a pesquisadora Mirella.

De acordo com o professor Bogusz Junior, a principal vantagem da nova técnica de conservação é evitar o desperdício de alimentos, um dos grandes problemas enfrentados no país.

“As estatísticas falam que a gente tem no Brasil aproximadamente 50% de desperdício dos alimentos que são produzidos no campo. Então, se você tem uma maneira de estender a vida útil dos alimentos, você teria uma oferta maior, poderia ajudar a combater a fome, ajudar a combater o desperdício de alimentos de uma maneira geral”, disse.

Os cientistas atuam em parceria com a Embrapa Instrumentação para avaliar os efeitos do uso dos revestimentos poliméricos na aparência e no sabor dos morangos, e os primeiros resultados, considerando 14 dias de armazenamento na geladeira, indicam que a película consegue manter a textura, retardar a contaminação e evitar a desidratação dos frutos. Ainda não há previsão de quando a composição vai chegar ao mercado.

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