Vacina desenvolvida em parceria com o laboratório alemão BioNTech está em estágio final; 100 milhões de doses devem ser produzidas ainda em 2020.
Por Felipe Mendes – Veja
A Pfizer já está em estágio final para o desenvolvimento de sua vacina. Como a empresa tem avançado tão rápido? A Pfizer está atuando fortemente para trazer uma resposta terapêutica que ajude a combater as pandemias. Firmamos uma parceria com a BioNTech e estamos trabalhando com as autoridades para desenvolver, testar e produzir uma possível vacina a base de RNA mensageiro (mRNA). Isso é chave porque é uma vacina diferente, uma nova tecnologia nas vacinas. Essa tecnologia utiliza um DNA mensageiro sintético para ajudar o nosso corpo a se imunizar contra um vírus. Isso pode ser potencialmente desenvolvido e fabricado mais rapidamente que as vacinas tradicionais. Se os resultados forem positivos, como têm sido até o momento, e a vacina experimental receber autorização, esperamos produzir cerca de 100 milhões de doses até o final de 2020. Esse é o nosso objetivo. Possivelmente, produziremos mais de 1,2 bilhão de doses até o fim de 2021. Estamos mantendo conversas com o governo sobre essa nova tecnologia e atualizando as etapas de desenvolvimento. Realmente, esperamos oferecer essa futura vacina ao país com o intuito de proteger a população brasileira.
Já se provou que o Sars-CoV-2 é um vírus que sofre mutações. Como isso atrapalha o desenvolvimento de uma vacina? Isso acontece com outras doenças. Em alguns anos, a vacina contra Influenza (gripe), por exemplo, parece que funciona bem, em outros parece que não. Tem muita variabilidade. Isso tem a ver com a forma com que as vacinas tradicionalmente são feitas. As vacinas tradicionais introduzem no nosso corpo uma forma inerte ou enfraquecida do vírus, do patógeno. Essa forma enfraquecida faz com que o nosso corpo reconheça o vírus e reaja para que o patógeno não se desenvolva. Só que esse processo é mais demorado para se desenvolver uma vacina. No caso da Influenza, a produção da vacina é feita entre seis e 12 meses antes de estar pronta para aplicação. Por isso, você tem que tentar antever quais são os patógenos, as mutações, que vão estar mais prevalentes no próximo ano. Esse é um exercício muito difícil. Às vezes se acerta mais, outras menos. Como a BioNTech já estava trabalhando nessa nova tecnologia que mapeia a sequência genética do vírus, o desenvolvimento da vacina para o coronavírus foi mais rápido, porque em janeiro um cientista chinês já disponibilizou a sequência genética do Sars-CoV-2. A tecnologia e a plataforma que estávamos trabalhando desde 2018 em parceria com a BioNTech, portanto, se tornou propícia para a situação e uma solução rápida para o desenvolvimento da imunização contra Covid.