PM lista táticas do contrabando de cigarro nas estradas do interior de SP

PUBLICIDADE

Camuflagem de cargas e uso de rotas alternativas dificultam trabalho

Somente em 2017, a Polícia Militar apreendeu 1,2 milhão de maços de cigarro contrabandeados em rodovias da região de Ribeirão Preto (SP). Uma quantidade ainda reduzida por práticas dos criminosos para despistar o trabalho de fiscalização.

De camuflagem de carga a utilização de rotas alternativas, são ao menos quatro táticas que, adotadas em conjunto, desafiam o trabalho da polícia em busca de mercadorias que deixam o Paraguai e são redistribuídas no interior de São Paulo, de acordo com o tenente da PM Péricles Veronesi Flora, que atua em uma área com 43 municípios.

As ‘táticas’ do contrabando

A primeira estratégia, segundo Flora, é a camuflagem das mercadorias, geralmente escondidas por outros tipos de produto, como sacas de milho. “No momento que a gente tira a lona se depara com milho ou produtos diversos e pra constatar as caixas lá embaixo tem que tirar tudo”, diz.

Outra prática comum é a utilização de motoristas profissionais, geralmente entre 40 e 50 anos, do sexo masculino, em veículos licenciados, sem queixa de roubo e furto, que ajudam a reduzir as suspeitas sobre a carga em questão.

Tática que difere, por exemplo, das áreas de fronteira, onde geralmente são utilizados caminhões roubados para o transporte. Na lógica do contrabando, de acordo com ele, quanto maior o risco maior o frete a ser cobrado. “São motoristas que dizem que receberiam valores em troca desse transporte”, confirma.

Se informações auxiliares não ajudam, como a origem do veículo – de Estados de fronteira como o Mato Grosso, por exemplo -, o comportamento do motorista muitas vezes acaba sendo o sinal mais evidente de que existe algo errado.

“Um certo nervosismo ao condutor ao se deparar com as viaturas, cada pessoa reage de uma forma. Às vezes ele deriva um pouco o veículo ou tenta andar mais devagar ou mais rápido”, explica.

O tenente também menciona que, diante de uma malha viária ampla no Estado, os contrabandistas têm opções para desviar das rodovias com maior fiscalização. Na região, uma das mais utilizadas é a Rodovia Deputado Cunha Bueno (SP-253), conhecida como rota de fuga dos pedágios e que passa por municípios como Luís Antônio (SP) e Pradópolis (SP).

“Normalmente eles procuram rodovias menos movimentadas, com menos fluxo de veículos, em que há menos fiscalizações, e usam rotas alternativas, para não sejam fiscalizados. Por exemplo: eles usam pouco a Rodovia Anhanguera por ser a mais movimentada”, afirma.

Por fim, a polícia confirma ser comum a utilização de batedores, comparsas em veículos menores que servem para alertar os caminhoneiros sobre as eventuais fiscalizações pelo caminho.

“São carros menores que vão à frente até pouco mais à frente e verificando se há alguma fiscalização da Polícia Militar. Normalmente não tem nada dentro desse veículo, não tem nada de irregular. Estão transitando normalmente e, ao serem liberados, avisam por rádio ou telefone para que o veículo que venha transportando não passe naquele local”, diz.

1,2 milhão de maços

Na região de Ribeirão Preto, somente este ano 1,2 milhão de maços foram apreendidos nas estradas com três ocorrências, diante de cinco apreensões que totalizaram 1,6 milhão de maços em todo o ano passado.

A maior apreensão foi em fevereiro, quando as autoridades encontraram um milhão de pacotes em um caminhão na Rodovia Fábio Talarico (SP-345). Outras duas cargas menores foram apreendidas na Rodovia Anhanguera (SP-330) e na Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Serrana (SP). Os motoristas foram presos e apresentados à Polícia Federal, assim como as cargas.

Para o tenente, a natureza dessas apreensões também diz muito sobre a destinação e a forma de agir dos criminosos. As grandes cargas, segundo ele, geralmente são aquelas que vieram diretamente do exterior e ainda não chegaram ao seu ponto de redistribuição.

As menores, por sua vez, transportadas inclusive em vans, já consistem de pequenos estoques que serão repassados para diferentes cidades. “É no momento em que eles vêm com caminhão, param no local e distribuem para a região.”

PUBLICIDADE
PLÍNIO DPVAT