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Banco de DNA do Instituto de Criminalística pareou perfil genético do autor do crime com dados do sistema nacional.
Em novembro de 2008, o corpo da menina Rachel Genofre, de apenas nove anos de idade, foi encontrado dentro de uma mala na Rodoviária de Curitiba, no Paraná.
A criança foi encontrada com sinais de violência sexual e estrangulamento. O grau de brutalidade aplicado neste homicídio gerou comoção popular em torno da questão. Apesar dos esforços da polícia local, o caso permaneceu em aberto por 11 anos. A elucidação se deu por intermédio da Polícia Científica do Estado de São Paulo, responsável pelo Banco de DNA do Instituto de Criminalística.
O Estado de São Paulo assumiu o compromisso de recolher perfis genéticos de indivíduos condenados para inserção deste DNA, tanto no Banco Estadual, quando no Banco Nacional de Perfis Genéticos.
O intuito deste procedimento é unificar as identidades genéticas destes indivíduos em um único sistema, para facilitar a elucidação de crimes. E foi o que aconteceu no caso da menina Rachel.
Em junho deste ano, peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo estiveram na Penitenciária 2 do município de Sorocaba. Na ocasião, foram colhidos perfis genéticos de indivíduos condenados por crimes sexuais.
O DNA destes indivíduos foi encaminhado ao Instituo de Criminalística e, posteriormente, inserido no Banco Nacional. Assim que este lote de perfis genéticos foi inserido no sistema nacional, houve a notificação de compatibilidade com um vestígio de crime cadastrado. No caso, com o sêmen colhido no corpo da criança encontrada dentro da mala na rodoviária em Curitiba, no ano de 2008.
Em razão do “match” – como são chamadas as ocorrências de compatibilidade de perfis genéticos – foi possível ligar o indivíduo que encontra-se no sistema prisional paulista à autoria do homicídio da menina em Curitiba.
Como funciona
O banco de perfis genéticos paulista é o que mais contribui com o sistema nacional, sendo responsável pelo cadastro de 2.642 vestígios de locais de crime (30,9% do total registrado no país); 1.099 registros de DNA condenados; 57 registros de suspeitos; 228 registros diretos ou indiretos de pessoas desaparecidas e 268 de remanescentes humanos não identificados, totalizando 4.295 registros (até maio de 2019).
Semelhante às redes sociais de namoro, onde a palavra “match” significa compatibilidade entre duas pessoas, acontece no Banco de Perfis Genéticos Nacional e Estadual. O sistema dá “match” quando dois DNAs cadastrados coincidem.
As amostras coletadas em todo o Estado de São Paulo, por exemplo, são processadas em um laboratório da Capital, com o apoio de uma equipe de 19 profissionais e equipamentos de última geração.
Em seguida, é feito o cruzamento de dados considerando apenas o território paulista. Depois, é feito o upload dessas informações no sistema nacional para comparar os DNAs coletados com os de outros estados brasileiros.
Todo esse trabalho é realizado com a utilização de um software da Federal Bureau of Investigation (FBI) e tem sido feito pela polícia paulista desde 2013. De lá para cá, o sistema já ajudou no esclarecimento de vários casos e, inclusive, ligou um mesmo autor a 20 casos de estupros. “O banco de DNA é uma ferramenta de justiça”, destacou Learth.
Atualmente, o Banco de Perfis Genéticos brasileiro contém mais de 30 mil amostras de DNA, de 19 Estados. O objetivo é que esse número seja ainda maior com a inclusão de perfis genéticos de condenados por crimes dolosos – um dos pontos defendidos no pacote Anticrime.
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