Frase “A Terra é plana” aparece em diversos prédios públicos e religiosos e monumentos da cidade. Polícia Civil investiga crimes e busca identificação dos autores.
Em uma investigação que durou algumas semanas, a Polícia Civil de Araras (SP), identificou um jovem de 25 anos suspeito de realizar pichações com frases terraplanistas em diversos pontos da cidade. A informação foi divulgada com exclusividade pelo site Repórter Beto Ribeiro na tarde desta sexta-feira (5) de maio, gerando grande repercussão na região.
De acordo com levantamento feito pela nossa reportagem, os policiais do Setor de Inteligência sob o comando do delegado Edgar Albanez, identificaram o rapaz suspeito de ser um dos pichadores que pertence a um grupo de terraplanistas que está sujando muros, prédios públicos, monumentos e igrejas no município, após denúncias.
Os policiais encontraram em sua casa latas de spray vazias, a moto e o capacete que ele teria usado em uma das pichações, além de um calhamaço de panfletos terraplanistas. Durante a diligência policial, um notebook foi apreendido e deverá passar por perícia. A polícia irá pedir à Justiça a quebra do eletrônico para extrair os dados de interesse da investigação.
Ele foi levado para a Central de Polícia Judiciária, onde foi ouvido pela autoridade presente. Embora ele não tenha admitido a autoria dos crimes, a polícia acredita que ele tenha praticado a maioria deles, sendo inclusive o cabeça do grupo. Por conta disso, foi instaurado inquérito policial para apurar e ele pode responder por pelo menos três crimes.
O grupo se mobiliza por meio do WhatsApp
O grupo se mobiliza por meio do WhatsApp, onde são compartilhadas fotos das pichações e links de estabelecimentos que vendem latas de spray por R$ 12,00 pela internet. Fazendo a compra online, eles acreditavam que não seriam descobertos.
Segundo a Prefeitura Municipal, as pichações começaram a aparecer em prédios públicos há cerca de dois meses. Somente na última semana, foram pichadas uma capela na zona rural e um letreiro no Lago Municipal. O pichador escolhe prédios públicos e religiosos e monumentos para escrever suas frases.
Entre os lugares vandalizados estão:
- Capela Nossa Senhora da Piedade, no bairro rural Elihu Root;
- Letreiro “Eu te amo Araras”, no Lago Municipal;
- Basílica Nossa Senhora do Patrocínio;
- Templo da Igreja Assembleia de Deus;
- Prefeitura Municipal;
- Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT);
- Casa da Cultura;
- Caixa Econômica Federal;
- Monumento ao Centenário de Araras (Obelisco), na Praça Barão de Araras;
- Posto de saúde do Assentamento Rural III.
Em todas as pichações, há a frase “A Terra é plana” ou “A Terra é plana, pesquise”. Em prédios religiosos, o pichador também coloca versículos da Bíblia que, segundo ele, comprovariam a teoria do terraplanismo – teoria da conspiração já desmentida por especialistas. Na capela Nossa Senhora da Piedade, local mais vandalizado, ele ainda escreveu que “a Terra é um círculo plano com uma cúpula acima (o nosso céu)” e que “a Bíblia também diz que a Terra é plana”.
Ainda nas paredes do templo, o vândalo debochou das imagens dos santos, que ele tirou de seus pórticos e jogou no chão. “Estas estátuas não tiveram poder algum para me impedir de entrar aqui, de movê-las de lugar e de escrever nestas paredes. Teriam elas algum poder para ouvir orações ou livrar do mal àqueles que clamam a elas? Ha ha ha ha ha ha”, escreveu na parede do altar.
O vândalo pode responder pelos seguintes crimes:
Ultraje a culto (no caso da capela): O artigo 208 da lei nº 2.848 de 7 de Dezembro de 1940 diz que comete o crime quem escarnecer (zombar) de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar (desprezar) publicamente ato ou objeto de culto religioso. A pena é de 1 mês a 1 ano de prisão ou multa.
dano (no caso da capela): destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia está no artigo 163 da Lei nº 2.848/1940. Pena de 1 a 6 meses de prisão ou multa.
pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar (sujar) edificação ou monumentos urbanos (no caso da capela e dos outros prédios): Artigo 65 – Lei nº 9.605 / 1998. Pena de 3 meses a 1 ano de prisão e multa.