Polícia Civil indicia suspeito de agredir estudante transexual

PUBLICIDADE

Vítima, chamada Eva Alves Maria, de 19 anos, reconheceu o homem. Caso ocorreu em 1º de março e suspeito afirma que também foi agredido, segundo delegado.

A Polícia Civil indiciou por lesão corporal de natureza grave o suspeito de agredir com um pedaço de madeira a estudante transexual Eva Alves Maria, de 19 anos, em 1º de março. A vítima reconheceu o homem como o principal autor do crime, segundo o delegado Márcio Murari, responsável pela investigação. O rapaz foi liberado após prestar depoimento.

Murari contou como foi o reconhecimento feito pela vítima. Segundo ele, Eva estava nervosa, mas não houve dúvidas. Já o suspeito confirmou durante o depoimento que cometeu a agressão, mas disse ter sido agredido primeiro pela estudante.

“Foi um pouco tenso, a gente percebeu que ela estava um pouco nervosa, ela que estava acompanhada do advogado, mas o reconhecimento foi sem sombras de dúvidas. Reconheceu o rapaz como seu principal agressor, o que causou a fratura em seu braço e outras lesões”, afirmou o delegado.

“Nós agora já formalizamos o indiciamento e ele também confirma realmente que houve a agressão. Ele alega também que foi agredido”, completou o delegado.

O delegado afirmou que ainda vai ouvir outras pessoas que estavam na praça antes de concluir o inquérito policial.

Em 4 de março, a estudante afirmou, que foi vítima de preconceito e machismo. “Acredito que eu tenha sido agredida por defender a mulher e por ser trans. Eu acredito que tenha sido vítima de transfobia. Mas eu não me arrependo de ter defendido ela.”

Depoimento do suspeito

Segundo o delegado, o suspeito afirmou que também foi agredida. Na versão do rapaz, Eva interviu em uma conversa que ele mantinha com algumas mulheres em uma praça e foi pra cima dele, o agredindo.

O homem, então, deixou o local, mas retornou com um pedaço de madeira e atingiu a estudante. “Neste instante se formou uma confusão generalizada e ele acabou sendo agredido também até que a confusão acabasse no local”, afirmou o delegado.

O suspeito não tem passagens pela polícia. De acordo com o delegado, ele foi avisado que, em caso de ameaça a estudante, será pedida a prisão dele.

O caso

A agressão ocorreu na madrugada de domingo (1º). Eva e um grupo de amigos deixaram uma casa noturna e seguiram para a Praça Sabino Loureiro, onde vários jovens estavam reunidos.

Ao perceber uma discussão entre um casal, a estudante decidiu repreender o rapaz. Eva afirma que o homem estava agitado e ameaçava a jovem. Ao intervir, a estudante diz que passou a ser ofendida por ele por causa da sexualidade dela.

Segundo a jovem, o homem e os amigos deixaram o local em um carro, mas retornaram meia hora depois. Todos carregavam ripas de madeira.

“Quando eu vi eles chegando, eu fui até as meninas para pedir ajuda. Assim que eu virei de volta para o coreto, o homem com quem eu havia discutido já estava na minha frente. Ele estava com a ripa de madeira e me agrediu.”

Eva tentou se defender, mas foi ferida no braço e no rosto. Ela reagiu e os dois entraram em luta corporal. Um vídeo mostra a estudante e o agressor caídos, enquanto o grupo ao redor ameaça golpeá-la.

“A gente começou a brigar no chão, e os amigos dele não deixavam ninguém chegar perto. Eles estavam com a ripa de madeira também e impediam os outros, diziam que ninguém tinha nada a ver com aquilo.”

A confusão só terminou quando os amigos de Eva conseguiram se aproximar e separar os dois. A vítima voltou para a porta da casa noturna e a Polícia Militar foi chamada. Antes de deixarem o local, os agressores teriam afirmado que iriam buscar uma arma.

PUBLICIDADE
PLÍNIO DPVAT