Polícia Civil pede prorrogação de inquérito que apura denúncias contra bispo e padre no interior de SP

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A SSP informou ainda que não pode divulgar mais informações porque o caso corre em segredo de Justiça.

A Polícia Civil informou que vai pedir à Justiça a prorrogação do inquérito que investiga o bispo dom Vilson Dias de Oliveira, de Limeira (SP), e o padre Pedro Leandro Ricardo, de Americana (SP). O prazo para finalizar a investigação termina nesta quarta-feira (8), mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), serão necessárias novas diligências.

Dom Vilson é acusado de extorsão, enriquecimento ilícito e acobertar assédios que teriam sido cometidos pelo padre de Americana, Pedro Leandro Ricardo.

Segundo as denúncias, o bispo de Limeira teria pedido valores que chegam a R$ 50 mil para uso em propriedades particulares. Já o padre é investigado por denúncias de, pelo menos, quatro abusos sexuais. Ricardo foi suspenso da função de pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, em Americana, após o início das apurações.

O pedido da Delegacia Seccional de Piracicaba (SP) agora será submetido ao Ministério Público Estadual (MP-SP) e à Segunda Vara Criminal de Americana, que decide se prorroga ou não o inquérito e por quanto tempo.

A SSP informou ainda que não pode divulgar mais informações porque o caso corre em segredo de Justiça.

O advogado que representa dom Vilson, Virgílio Ribeiro, informou ao G1que vai se manifestar durante o inquérito. Já o advogado do padre Leandro Ricardo, Paulo Sarmento, afirmou que a prorrogação é um procedimento padrão nas investigações.

Desvios e extorsão

Dom Vilson é investigado por três inquéritos, sendo um na Seccional de Piracicaba (que foi transferido da Seccional de Americana) e outros dois em Limeira e Araras.

Na apuração da Seccional de Limeira, o resultado foi um inquérito de mais de 300 páginas que cita diversas denúncias de extorsão para enriquecimento ilícito.

Em um dos casos, de 2012, um então integrante do conselho consultivo de uma igreja em Americana afirma em depoimento que um pároco, na época, disse aos conselheiros que o bispo dom Vilson pediu a doação de R$ 50 mil. Ele deu a entender que aquela quantia era para uso particular, insinuando que seria para compra de um imóvel.

O conselho não autorizou a doação, já que era para uso particular. O padre confirmou em depoimento à polícia que, por causa da negativa da igreja, o bispo pediu a contribuição dos R$ 150 mil para obras na Diocese de Limeira – ameaça que ele tinha feito caso não conseguisse a doação.

Em outra denúncia de extorsão, em 2015, o bispo dom Vilson teria pedido R$ 4 mil a um padre de uma paróquia em Artur Nogueira (SP). O padre disse, em depoimento, que o dinheiro era para construir um poço artesiano na casa de praia de dom Vilson, em Itanhaém (SP), na baixada santista.

Dom Vilson entregou documentos para o inquérito da polícia que confirmam que ele comprou dois imóveis no litoral sul de São Paulo nos últimos quatro anos no valor de mais de R$ 1 milhão.

Em depoimento, ele alegou que tudo foi comprado com dinheiro que vem do patrimônio da família dele e com recursos que ele recebeu das atividades religiosas, e também do salário que recebe da Diocese, R$ 12 mil por mês.

Em nega a extorsão, e afirma que recebeu os R$ 4 mil de doação porque estava em dificuldades financeiras. Sobre o pedido de R$ 50 mil, ele alegou que o padre que fez a denúncia teria pedido várias vezes para ser afastado porque estava doente, mas exigiu que o substituto fosse alguém indicado por ele.

Ao ter o pedido negado, o padre começou uma série de denúncias infundadas junto ao Vaticano.

Abusos sexuais

A polícia também apura denúncias de que dom Vilson teria acobertado crimes de assédio que teriam sido cometidos pelo padre de Americana, Pedro Leandro Ricardo.

O Jornal O Globo divulgou relatos de quatro ex-coroinhas que teriam sido vítimas do religioso entre 2002 e 2003, quando eram menores de idade. Os depoimentos apontam assédio sexual, e que o religioso agia sempre da mesma forma, com o costume de oferecer presentes em troca do silêncio das vítimas.

Após o Ministério Público receber as denúncias, no final de janeiro, o padre foi suspenso pela Diocese de Limeira das funções de reitor e pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, em Americana.

A Polícia Civil investiga os casos com três inquéritos. Além dos instaurados em Limeira e Americana, há outro na Delegacia de Araras. Todas as investigações correm em segredo de Justiça.

Nos dois casos, os religiosos também são investigados pela própria Igreja Católica. Um bispo brasileiro foi designado pelo Vaticano para apurar as denúncias. Um relatório foi encaminhado para a Nunciatura Apostólica do Brasil, que remeteu à Congregação dos Bispos.

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