Previsão de alta nas vendas no 2º semestre deve provocar falta de máquinas agrícolas no país, diz Abimaq

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Para o presidente da Câmara Setorial, esperar pela possível queda de juros do Plano Safra para fazer investimentos não é boa opção. Indústria estima aumento de 5% a 8% nas vendas em 2018.

Se optarem por investir em máquinas e implementos agrícolas no segundo semestre, os agricultores brasileiros correm o risco de não ter os equipamentos a pronta entrega. O alerta é de Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas da Associação Brasileira da Indústria do setor (Abimaq), uma das organizadoras da Agrishow, que começa nesta segunda-feira (30) em Ribeirão Preto (SP).

Segundo Bastos, o motivo é o bom momento do agronegócio brasileiro. Além de o país estar colhendo a segunda maior safra de grãos da história, e com bons preços, os fabricantes tiveram aumento de vendas nas feiras anteriores à Agrishow e não conseguiriam se adaptar rapidamente a um grande volume de pedidos, caso eles se concentrem a partir do início de julho, mês em que é divulgado o Plano Safra pelo governo federal.

Bastos afirma que se chegou a especular, entre grupos de agricultores, a possibilidade de aguardar uma redução da taxa de juros, prevista pelo plano em função da queda da taxa Selic. Para ele, não é uma boa opção. “Primeiro, porque não sabemos quanto os juros vão cair, se vai ser 1%, 2%. Segundo, porque, se esperar, realmente pode faltar máquina para a safra de verão”, afirma.

A Câmara Setorial reúne 360 empresas. Em 2017, elas tiveram um aumento de 7% nas vendas em relação a 2016. Para este ano, o crescimento esperado varia entre 5% e 8%, o mesmo percentual da organização da feira. “Na verdade, estamos vendo uma recuperação do mercado, porque as vendas caíram muito em 2015. Mas, estamos bastante otimistas por causa da conjunção favorável de fatores, e a Agrishow reflete o que está acontecendo no mercado”, diz.

Independente da decisão de esperar ou não para comprar, Bastos diz não acredita que os negócios na feira serão prejudicados. O motivo, na visão dele, é que os bancos oferecem, durante a Agrishow, condições únicas de financiamento, que não se repetem em outros momentos do ano.

A opinião é compartilhada por João Adrien, diretor executivo da Sociedade Rural Brasileira (SRB), outra organizadora da feira. O economista explica que a expectativa de bons negócios na Agrishow é baseada no fato de o produtor brasileiro estar capitalizado. Como o principal mercado no setor de máquinas é soja e o produto vive um dos melhores momentos da história, o otimismo se justifica.

“Podemos observar, ainda, que existe um investimento represado. Nos últimos anos, o agricultor não investiu. Acreditamos, também, que o crédito será facilitado porque há disposição dos bancos em emprestar”, afirma Adrien. “Outro fator é que a Agrishow é um lugar de redução de preços e oportunidades que não são encontradas a toda hora”, completa.

Safra

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país deverá fechar a colheita de grãos este ano com 229,5 milhões de toneladas, número que faz da safra a segunda maior da história, mas 3,4% menor que a do ano passado, quando a produção foi de 237,7 milhões.

Não bastasse essa previsão, instabilidades climáticas em outros países da América do Sul comprometeram a produção de soja na Argentina, o que mudou os patamares de preços da oleaginosa no Brasil, cujos valores estão entre os mais altos dos últimos 12 meses.

Atentos aos movimentos do mercado, muitos agricultores atrasaram a safra, visando uma melhora ainda maior das condições de venda. Com isso, se comenta nos bastidores da organização da Agrishow que os negócios podem até superar o aumento inicialmente previsto. As primeiras feiras realizadas no ano, em estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, tiveram média de crescimento de 25%.

“Os investimentos de longo prazo podem até esperar um pouco, mas os de curto prazo, não, por causa das culturas de inverno. Uma situação que tem se tornado muito comum também é fazer a encomenda durante a Agrishow, com o crédito aprovado, e aguardar as novas taxas de juros do Plano de Safra para poder comprar. Isso tem acontecido muito”, conclui.


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