Produção diversificada de hortaliças garante renda ao produtor e nutrição ao consumidor

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Estudos sobre os itens da alimentação são conduzidos por cientistas ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.

O mercado brasileiro de hortaliças é altamente diversificado. Raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes que fazem parte do cardápio dos consumidores paulistas são cultivados em mais de 42 mil Unidades de Produção Agropecuária em todo o estado de São Paulo e representam cerca de 20% da produção nacional. São Paulo é também o principal mercado consumidor e absorve 22% do que é produzido. Os principais produtos são a batata, tomate, melancia, alface, cebola e cenoura.

De acordo com informações do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, em 2019, foram produzidos 19 milhões de engradados com 9 dúzias de alface cada; três milhões de caixas de 25 kg de cenouras cada; 8,3 milhões de sacas de 50 kg de batata de inverno cada; e 81 mil toneladas de cebola de muda, entre algumas das principais hortaliças consumidas.

Como o ciclo das plantas é geralmente curto, o olericultor pode plantar diversas culturas em uma mesma área, com a vantagem de produzir o ano todo, tendo uma fonte de renda estável, independentemente da estação climática.

Consumo

De acordo com o Ministério da Saúde, o consumo de frutas e hortaliças está crescendo no país: a inclusão de cinco porções do alimento por dia em, pelo menos, cinco dias da semana subiu de 20% em 2018 para 22,9% em 2019. Para atender melhor o consumidor, a Secretaria, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), realiza constantes pesquisas para melhorar a qualidade da produção.

Uma delas é a alface com quantidade de zinco até 16 vezes maior nas folhas, resultado de uma pesquisa desenvolvida no Instituto Agronômico (IAC). A biofortificação desse alimento foi obtida a partir de aplicações de doses crescentes de sulfato de zinco no solo, até o limite que não impacte a qualidade, a produtividade da planta e o ambiente. Ao ingerir 50 gramas ou seis a sete folhas dessa alface biofortificada, a pessoa suprirá cerca de 25% da recomendação diária desse importante reforço do sistema imunológico humano (leia mais aqui).

Outra pesquisa da APTA analisa o uso de telas de sombreamento para a produção de hortaliças folhosas no Verão. O estudo está sendo realizado na cidade de Presidente Prudente, uma região quente do estado de São Paulo, onde os pesquisadores analisam a produção de alface, agrião e cebolinha, três das hortaliças mais consumidas pelos brasileiros.

No agrião, por exemplo, as telas de sombreamento aumentaram em cerca de 60% a massa fresca da planta, em relação ao cultivo em pleno sol.  A alface teve melhora na qualidade, com folhas maiores e mais macias, características apreciadas pelos consumidores.

“As plantas de alface cultivadas sob as telas de sombreamento apresentaram folhas maiores e mais macias. Esse resultado é atribuído ao aumento da área foliar para otimizar a captação da luz. As plantas cultivadas sob intensa radiação solar [pleno sol] apresentaram folhas mais espessas e menores, mecanismo de proteção e redução da transpiração”, diz a pesquisadora Andréia Cristina Silva Hirata. A cebolinha apresentou efeitos não tão promissores e, dependendo das condições climáticas do verão, as telas de sombreamento podem trazer resultado negativo para a cultura.

Manejo do solo

O projeto da APTA envolve também o manejo do ambiente e do solo para o plantio de hortaliças no verão, época chuvosa onde há grande perda de solo, o que resulta em redução de produtividade e degradação do solo.

No manejo do ambiente foram estudadas diferentes telas de sombreamento associadas ao não revolvimento do solo. No manejo do solo foi avaliado o “Plantio direto de diferentes variedades de alface e rúcula em Brachiaria ruziziensis cultivada nos canteiros antes do plantio das hortaliças”. Os resultados do trabalho mostraram elevada redução de plantas daninhas com a palha da Brachiaria ruziziensis no cultivo dessas hortaliças.

Isso implica redução da mão de obra para capina, sendo que o produtor pode utilizar esse tempo para outras atividades da horta. As variedades estudadas mostraram-se adaptadas ao sistema. Houve ainda benefícios do plantio direto na qualidade física do solo e redução da temperatura do solo, o que para o cultivo no verão é muito importante.

Ao longo dos cultivos houve aumento da produtividade no plantio direto sobre B. ruziziensis em relação ao plantio convencional, além de conservação dos canteiros, os quais ficaram protegidos das chuvas abundantes do período. O cultivo na palha de braquiária protegeu as folhas do respingo de chuva no solo. “Isso pode até reduzir uma operação pós-colheita, que é a de lavagem da alface para tirar a terra aderida nas folhas que ocorre no plantio convencional”, explica a pesquisadora.

Uma das hortaliças mais consumidas em todo o país, a alface é um alimento rico em nutrientes. Técnicas da Secretaria explicam que a hortaliça é a primeira folhosa introduzida na alimentação e seu consumo ajuda a reduzir até mesmo a ansiedade. Segundo o diagnóstico da Olericultura Paulista de 2019, 85% dos municípios paulistas cultivam alface, sendo a região de Mogi das Cruzes responsável por, aproximadamente, 60% da produção estadual, seguida de Ibiúna, com 25%.

“Originária da Europa e da Ásia, a alface pertence à família Asterácea, como a alcachofra, o almeirão e a escarola, sendo conhecida desde 500 anos a.C. Apesar dos hábitos de consumo e das diferenças climáticas, a alface é uma hortaliça plantada e consumida em todo o território brasileiro”, afirma Sizele Rodrigues dos Santos, nutricionista da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

“A alface é uma hortaliça muito comum e presente na mesa do brasileiro; geralmente, é a primeira folhosa crua a ser introduzida na nossa alimentação. Tem alto poder de saciedade e oferece apenas 15kcal por 100 gramas, por isso é tão comum nas dietas de emagrecimento”, completa a nutricionista Beatriz Cantusio Pazinato, extensionista da Divisão de Extensão Rural, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), responsável pelos cursos e treinamentos oferecidos pela Secretaria de Agricultura em várias localidades do estado de São Paulo.

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