Quem é Khaby Lame, o jovem que bomba no TikTok com humor único

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Senegalês radicado na Itália faz rir muito com críticas inteligentes a tiktokers em filmes sem falas e passa dos 62 milhões de seguidores.

Por  Eduardo Marini, do R7 – Kabhane Khaby Lame, nascido no Senegal, na África, vive com os pais em Chivasso, cidade de 23,5 mil habitantes na província de Turim, região do Piemonte, norte da Itália. No dia 15 de março de 2000, seis dias depois de completar 21 anos, tomou uma decisão que mudou a sua vida: criar um perfil no TikTok.

A meta do jovem fã de futebol era despretensiosa: arrumar um passatempo enquanto respeitava as restrições impostas pela pandemia de covid-19. A inteligência, a sensibilidade e o humor refinado do jovem produziram, no entanto, algo bem maior.

Um ano e dois meses depois da primeira postagem, ele acumula 62,1 milhões de seguidores e 826,8 milhões de curtidas na rede social – e em nome da cautela é bom destacar que essas marcas foram registradas nas primeiras horas de sexta-feira (28).

Os números do rapaz seguem evoluindo a saltos de centenas de milhares em questão de minutos. Enquanto essa reportagem foi escrita, mais de 200 mil novos admiradores engordaram o seu exército virtual.

Khaby é hoje, com muita folga, o tiktoker mais seguido da Itália – e um dos top ten mundiais. Faz comer poeira um monte de gente graúda, entre elas o ator Will Smith, a cantora Selena Gomez e os garotos da banda de K-pop BTS.

Mas o que faz esse jovem cair na graça de tanta gente e passar como um meteoro por cima do TikTok? Exatamente isso: a graça. Em suas postagens, ele ironiza de forma desconcertante e ferina as bobagens, exageros e ridículos vídeos compartilhados por outros integrantes da mesma rede social, lançada na China em 2016.

Na suprema maioria de suas performances, ele não pronuncia sequer uma única palavra do início ao fim. O método, curiosamente, amplifica o absurdo e por vezes o patético das atitudes e pessoas que ele expõe e critica. Sua expressão facial, entre a reprovação e o tédio, e as mãos espalmadas ao final, como se quisesse dizer “simples, elementar, né?”, dizem tudo. A gargalhada é inevitável, como ele próprio adianta na frase em italiano em seu perfil: Se volete ridere, siete nel posto giusto (Se você quer rir, está no lugar certo).

O fato de permanecer calado ajuda a fazer com que seus vídeos sejam admirados em todo mundo sem limitações de idioma. No mais visto de seus filmes, com 243,5 milhões de acessos até sexta-feira (28), ele ironiza um tiktoker que teve a ideia inspirada de descascar uma banana com um cutelo, jogando fora grande parte da fruta junto às cascas.

Khaby repete a cena do cidadão e entra em seguida com uma banana na mão. Descasca com ponta dos dedos, como todo mundo em todo o mundo, e, silencioso, com o olhar congelado de sempre, exibe a fruta limpa e pronta para o consumo.

Em outro vídeo, com 271 milhões de visualizações, um rapaz, em outra manobra rocambolesca, quebra a alça de uma caneca para tirar uma máscara, dessas usadas na pandemia, que estava pendurada nela. Kabhy monta algo parecido numa mesa, puxa a máscara delicadamente para um dos lados e a coloca no rosto, sem provocar qualquer dano na caneca de sua casa.

Numa terceira postagem, com 181 milhões de visualizações, alguém usa um suporte de plástico na tarefa de separar duas fatias de uma pizza. Ele descola os dois pedaços segurando cada um deles com o polegar e o indicador de uma das mãos. Diante do filme de uma mulher fazendo preenchimento labial ao custo de cinco mil euros (cerca de R$ 32 mil), invade o território da piada trombada ao colocar a imagem da mesma mulher com uma vespa sobre o lábio superior e a frase: “picada de vespa: zero real”. E por aí vai.

Nos períodos mais fulminantes de crescimento, Khaby chegou a conquistar 20 milhões de seguidores em três semanas. No último dia 22 de maio, bateu a marca de 54,8 milhões e deixou para trás até a página dos donos da casa, o TikTok, com 53,7 milhões. Em seguida, só precisou de mais seis dias para voar até os 62,1 milhões.

Tanto sucesso deixa o jovem surpreso, mas ainda não gera a renda que ele descobriu poder encaixar com a explosão na ferramenta lançada por pura diversão.

“Para ser franco, não esperava de forma alguma essa repercussão”, admitiu em entrevista recente ao jornal italiano Corriere della Sera. “Meu objetivo é simplesmente divertir as pessoas. Percebi que gostaram do meu humor e da minha expressão facial, por isso continuei”.

Khaby se uniu recentemente a uma agência de marketing e pretende transformar seu os milhões de seguidores em dinheiro e criar projetos em outras plataformas e redes sociais. Quer reforçar financeiramente os pais, com quem vive entre o estudo, as peladas de futebol e brincadeiras de basquete em um conjunto habitacional popular de Chivasso.

“Seria um sonho poder ajudá-los. Assim como eu, eles não esperavam tudo isso. Estão maravilhados. Espero continuar assim”. Neste ritmo, o sonho se tornará realidade na mesma velocidade em que seus índices se multiplicam no TikTok.

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