Campinas e Americana são pontos estratégicos de arrecadação de roupas e leite em pó para lotar em contêiner que será enviado à África; donativos podem ser entregues até 29 de julho
A solidariedade rumo a África tem parada obrigatória nas cidades de Campinas (SP) e Americana (SP). Uma campanha nacional para encher um contêiner com roupas, calçados e leite em pó faz um ‘pit-stop’ no interior paulista antes de atravessar o mar e amenizar as mazelas do povo de Madagascar.
Por sua posição estratégica, Campinas virou uma espécie de quartel-general na ação humanitária promovida pela ONG Fraternidade Sem Fronteiras. O apoio de voluntários e as vantagens logísticas fizeram com que o município centralizasse as doações.
Até o dia 29 de julho, são esperadas doações de todos os cantos do Brasil. A ideia é lotar um contêiner com capacidade de 26 toneladas de carga. Roupas e calçados já chegaram em bom número, e o pedido agora é por ajuda com leite em pó, essencial para aplacar a fome dos “pequenos” da ilha.
Como colaborar
Pessoas interessadas em colaborar com a causa podem entrar em contato com a Central de Recolhimento em Campinas pelo telefone (19) 99158-9303 (contato com Artur). Em Americana, o atendimento é feito pelo telefone (19) 99919-6937.
“Nossa previsão é separar todas as doações e começar a carregar o contêiner no começo de agosto, para que até o dia 15 de agosto ele possa ser despachado. É uma viagem de até 60 dias, e só deve chegar em Madagascar em outubro”, conta Dias.
A professora de piano Maria Tereza de Oliveira, de 61 anos, participou da campanha de arrecadação e conseguiu, com amigas e donas de lojas, 14 caixas de roupas.
Apoio e logística
Ranieri Dias conta que Campinas foi escolhida para centralizar a ação em função da malha aeroviária e do apoio de empresas da região. “Com ajuda de um voluntário, uma companhia aérea que tem base no aeroporto de Viracopos abriu a possibilidade de trazer doações de diversas partes do Brasil para cá. Sem contar que conseguimos um barracão em Americana para fazer essa separação antes de fechar o contêiner que sairá do porto de Santos.”
Trabalho em Madagascar
A ONG Fraternidade Sem Fronteiras (FSF) realiza pela primeira vez uma campanha para levar doações do Brasil para a África. Ações humanitárias são desenvolvidas há sete anos, e começaram em Moçambique. “Durante esse período nosso apoio foi em multiplicar pessoas para cuidar da população de lá. Quando iniciamos a presença em Madagascar, em fevereiro, identificamos essa necessidade de levar roupas e leite”, explica Ranieri Dias.
A ilha sofre com a seca. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) estima-se que 850 mil pessoas estejam em situação de insegurança alimentar aguda em Madasgascar. Segundo Dias, a ONG viabilizou a perfuração de um poço artesiano e trabalha para construir outro.
“A realidade da fome em Madagascar é muito grande. A maior parte da população de Ambovombe, que são 60 mil pessoas, veio de aldeias por causa da fome. Essas pessoas vieram para a cidade e não têm comida para todo mundo. Há ainda crianças com desnutrição aguda, tuberculose, pneumonia, infecções de pele e ouvido e em desidratação, além de uma miséria extrema que deixa famílias reféns da chuva até para tomarem água”, conta Wagner Moura, presidente da FSF.
Consultório odontológico
De acordo com o diretor da ONG, no trabalho de apoio em Madagascar ficou constatado a necessidade de apoio e tratamento dentário para crianças e adultos. Além da doação de roupas e leite em pó, voluntários tentam levantar fundos para mandar um consultório odontológico dentro do contêiner.
“Tivemos uma caravana de médicos e dentistas em junho e eles verificaram muitos problemas dentários. Os dentistas voltaram de lá com essa ideia, ajudaram com doações, mas ainda falta dinheiro. Estamos correndo contra o tempo para colocar esse consultório no contêiner, já que na próxima caravana, em novembro, a expectativa é que ele possa ser usado lá em Madagascar”, completa Dias.