Resíduo do tratamento de esgoto pode se tornar fertilizante orgânico para agricultura

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Município de Piracicaba deve deixar de enviar para aterro sanitário em torno de 1.200 toneladas de lodo de esgoto por mês.

Em torno de 1.200 toneladas de lodo de esgoto, 180 toneladas de poda de árvores e 500 toneladas de grama cortada por mês que seriam descartados em aterro sanitário poderão agora se transformar em composto orgânico para a agricultura em Piracicaba, no interior do estado.

O uso sustentável do resíduo do tratamento de esgoto e dos trabalhos de limpeza do município será possível graças a parceria entre a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e a concessionária Mirante, do grupo AEGEA.

A assinatura do acordo foi realizada em 21 de setembro e o projeto tem vigência até julho de 2021. A estratégia dos especialistas é utilizar a técnica de compostagem para viabilizar o uso desses resíduos na produção agrícola.

“A compostagem é o processo mais adaptado para tratar resíduos orgânicos. Com ela, é possível estimular a decomposição de materiais orgânicos e a redução de contaminantes como patógenos e metais pesados para se obter um material estável, rico em matéria orgânica humificada e nutrientes minerais”, explica a pesquisadora da APTA Edna Ivani Bertoncini.

Método

Segundo a pesquisadora, o método permite o pós-tratamento do lodo de esgoto sem que haja mau cheiro e moscas. O processo de decomposição leva cerca de 60 dias.

“A APTA realizará a montagem das pilhas de compostagem com diferentes cenários de composição dos resíduos e formas de revolvimento e irrigação das pilhas. O processo será monitorado diariamente e haverá coletas constantes dos materiais e sua análise laboratorial para verificar se o composto está adequado para ser usado nas plantações. Ao final do processo, teremos que aprovar o fertilizante no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)”, afirma Edna.

Paulo Pavinato, professor da Esalq/USP, explica que o projeto em implementação em Piracicaba faz parte de um plano maior enviado para aprovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que busca dar um destino sustentável para todo o resíduo do tratamento de esgoto das cidades paulistas.

“Esses projetos estão alinhados com o Novo Marco de Saneamento Básico, sancionado neste ano, que objetiva que as cidades tenham 100% de tratamento de esgoto e seus resíduos até 2030. É uma ação importante, que está alinhada à economia circular, de reciclagem de um resíduo que seria destinado a aterro sanitário, a um alto custo econômico e ambiental”, pontua.

De acordo com Andrey de Souza, supervisor de operações da concessionária Mirante, com o projeto espera-se que 100% do lodo oriundo do processo de tratamento de esgoto do município não precise ser descartado em aterros sanitários.

“Hoje, já desenvolvemos processo de secagem do lodo, o que reduz muito nosso volume de resíduo. Por mês, o município gera 1.200 toneladas de lodo. Com a secagem, esse volume cai para 320 toneladas. Queremos, agora, eliminar todo esse resíduo de forma completamente sustentável”, diz Souza.

“A implantação do secador solar de lodo e a parceria com a APTA e a  Esalq/USP viabilizam  a demanda em preservar o meio ambiente, pois, os ganhos obtidos com a implantação do projeto vão além da esfera corporativa, agregando benefícios à população e ao meio ambiente, tendo em vista que o processo permite a estabilização microbiológica e a inertização do lodo, o que representa o uso sustentável, evitando impactos e degradação do meio ambiente”, enfatiza o presidente da concessionária Mirante, Jacy Prado.

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