Em conferência, pesquisadores e médicos da Universidade de Cambridge apresentaram um estudo inédito.
Na busca por um tratamento mais eficaz contra diferentes tipos de câncer que afetam crianças, é necessário conhecer estes tumores por completo — com ajuda do sequenciamento genético tanto das células cancerígenas quanto do paciente — e, em seguida, estabelecer o melhor tratamento oncológico. É essa conclusão que chegou um grupo de cientistas do Reino Unido.
Em conferência, pesquisadores e médicos da Universidade de Cambridge apresentaram um estudo inédito, no qual usaram o sequenciamento do genoma do tumor e do paciente para estabelecer o melhor tratamento para 36 crianças com câncer. Através da análise genética, foi possível obter informações extras da doença e quatro diagnósticos foram alterados.
Além disso, novas opções de tratamento foram reveladas para outros sete casos. A leitura completa do DNA também permitiu que eles descobrissem mais sobre o curso provável da doença em oito crianças e os alertou para possíveis razões hereditárias de dois dos tumores analisados no estudo.
“Nosso objetivo era ilustrar o que pode ser alcançado com o sequenciamento de todo o genoma e tentar anunciar sua utilidade”, explicou Patrick Tarpey, cientista de Cambridge e da NHS Foundation Trust. “Localmente, em Cambridge, nunca houve dúvidas de que isso agregaria valor”, ressaltou.
Estudo sobre o câncer infantil e o sequenciamento do genoma
No estudo, foram consideradas 36 crianças e 23 tipos diferentes de tumor. Antes do sequenciamento, todos os participantes foram submetidos a testes padrões para identificar o tipo de câncer. Em paralelo, as amostras do tumor e do sangue foram enviadas para a análise genômica.
Durante o processo, os pesquisadores compararam a composição genética completa do tumor com o DNA de tecido saudável da mesma pessoa. Essa análise pode sinalizar as mutações que estão causando um câncer e, potencialmente, revelar variantes de genes que tornam o tumor suscetível a drogas específicas.
Este é um trabalho bastante complexo e, por enquanto, leva de dois a três meses para ser concluído. Dependendo do caso, o tratamento precisa começar obrigatoriamente antes. Por outro lado, o cientista Tarpey conta que “há casos em que o diagnóstico era totalmente incerto e pudemos confirmá-lo”.
Busca pelo melhor tratamento oncológico
De forma geral, as crianças com câncer passam por tratamentos extenuantes e, mesmo quando o tratamento é bem-sucedido, os efeitos colaterais podem durar por longos anos. “É vital que encontremos maneiras de adequar os tratamentos para o indivíduo e, para isso, o sequenciamento do genoma inteiro é uma virada de jogo”, explica Sheona Scales, responsável pediátrica do Cancer Research UK.
“Saber mais sobre a composição do câncer infantil pode ajudar os médicos a fazerem as escolhas de tratamento mais informadas para seus pacientes. A esperança é que isso leve a melhores resultados para crianças com câncer, não apenas em termos de sobrevivência, mas também na qualidade de suas vidas”, completa Scales.
O estudo sobre a importância do sequenciamento genético foi apresentado durante a conferência anual do National Cancer Research Institute nesta segunda-feira (8). Até o momento, não foi publicado em nenhuma revista científica.
Fonte: Canaltech