Edson Claro se apresentou à polícia e em depoimento afirmou que agiu em legítima defesa, já que ele e a filha teriam sido ameaçados de morte pelo genro.
O sogro que matou o genro após receber um pedido de socorro da filha pelo WhatsApp em Praia Grande, no litoral de São Paulo, se apresentou na delegacia, segundo informou a Polícia Civil neste domingo (13). O representante comercial Edson Claro de Almeida, de 52 anos, matou Elton Gomes da Silva, de 36, porque o rapaz havia agredido a filha dele e o ameaçou. Após prestar depoimento, Edson foi liberado.
O delegado titular do 1º DP de Praia Grande, Flávio Magário, que investiga o caso, colheu o depoimento de Edson, que foi liberado após ser ouvido, já que não houve o flagrante do crime. Segundo o delegado, o comerciante se apresentou com o advogado e alegou ter agido em legítima defesa, já que a filha estava sendo ameaçada e ele também.
“Ele apresentou-se espontaneamente. A constituição Federal prevê que somente é possível a prisão por flagrante ou ordem judicial. Não havia mais o estado flagrancial ou ordem judicial para a prisão, preventiva ou temporária”, explica Flávio. De acordo com ele, o Ministério Público (MP) que irá definir, com base nas investigações policiais, se Edson será denunciado pelo homicídio.
Ainda segundo Flávio Magário, Edson narrou o histórico de outras ocorrências envolvendo sua filha e o genro. “Afirmou também ter efetuado três disparos, atingindo o tórax , a lateral do tórax e um terceiro que ele diz não saber se atingiu e onde teria atingido a vítima. Esse tiro foi o que atingiu a cabeça de Elton na verdade”, diz.
‘Legítima defesa’
Conforme explica o delegado, Edson relatou em depoimento que foi chamado pela filha, que estaria com medo e assustada pelas agressões e ameaças. O advogado do comerciante, Rodrigo Caetano Rodrigues, informou que ele agiu para proteger a filha.
De acordo com ele, o cliente estava em casa quando a filha mandou mensagens pedindo ajuda, por estar assustada com a situação. Ao chegar no local, Elton teria bloqueado a entrada e o comerciante não conseguiu abrir a porta totalmente.
“Quando Elton viu que o Edson estava armado, ameaçou pegar a arma dele e matá-lo e também matar a sua filha, motivando o primeiro disparo. Pegou de raspão e o Elton reagiu, indo para cima do ex-sogro, que efetuou o segundo disparo e o terceiro para impedir qualquer possibilidade dele pegar a arma. Ele fugiu em seguida porque ficou em estado de choque e com o emocional abalado”, diz Rodrigo.
A defesa ainda alega que Elton foi visto rondando o local de trabalho da filha de Edson várias vezes e, temendo pela segurança, a jovem deixou de fazer o trajeto de retorno do trabalho a pé, passando a retornar de carona ou por motorista de aplicativo.
Relembre o caso
O crime ocorreu na noite do dia 6 de outubro e, conforme registrado no boletim de ocorrência, a filha do representante comercial, de 28 anos, disse que ela e Elton estavam separados havia cerca de dois anos, mas ele não se conformava com a situação. Ao chegar perto de casa, no bairro Sítio do Campo, a jovem teria o encontrado observando a movimentação na rua.
De acordo com ela, Elton a obrigou a entrar no imóvel e pegou uma faca, dizendo que iria matá-la. A vítima tentou acalmá-lo e falou que iria tomar banho. Assim, conseguiu enviar uma mensagem por WhatsApp ao pai relatando as ameaças.
Edson teria chego ao local e recebido ameaças do genro. O comerciante atirou três vezes contra Elton, que foi socorrido, mas não resistiu e veio a óbito. Em depoimento, a irmã de Elton alegou que ele e a namorada tinham um relacionamento conturbado.
A jovem já havia denunciado o companheiro duas vezes, por agressão e ameaça de morte. Nas duas ocasiões, como não houve representação penal por parte da vítima, o caso acabou sendo arquivado.
A família do genro também relatou acreditar que ele foi vítima de uma armadilha e que a namorada que o chamou para ir até lá no dia do crime. Ainda segundo a irmã, familiares não foram avisada da morte de Elton e souberam por notícias nas redes sociais.