Há poucos dias antes do esperado encontro extraplanetário de Ano Novo, uma sonda da NASA detectou algo muito estranho sobre o alvo pretendido.
Apenas uma semana antes do aguardado encontro com o Ultima Thule (ou 2014 MU69), o objeto do Cinturão de Kuiper que se encontra além da órbita de Netuno, a sonda New Horizons da NASA não conseguiu detectar as variações previsíveis e consistentes da refletividade, ou “curva de luz”, que acompanham todos os corpos celestes em órbita perto de uma estrela brilhante.
“É realmente um enigma”, disse Alan Stern, pesquisador principal da NASA na New Horizons, citado pelo Gizmodo. “Por que ele [objeto] tem uma curva de luz tão pequena que nem conseguimos detectá-lo?”, indagou o pesquisador.
“Esperava que as detalhadas imagens dos sobrevoos nos trouxessem muito mais mistérios, mas eu não esperava isso, e tão cedo”, observou ele.
O veículo de pesquisa espacial New Horizons da NASA, lançado em 19 de janeiro de 2006, está agora dentro do Cinturão de Kuiper a uns 43 UA (uma UA ou Unidade Astronômica, é a distância entre a Terra e o Sol, de aproximadamente 150 milhões de km) da Terra.
O Cinturão de Kuiper se localiza além dos oito planetas principais do Sistema Solar, começando na órbita de Netuno a cerca de 50 UA do Sol.
O sobrevoo de Ano Novo, a uma distância impressionante de apenas 3.500 quilômetros, mapeará a composição superficial e a morfologia do Ultima Thule, que possui de 25 a 45 quilômetros de largura, além de procurar por coma, anéis ou lupas em órbita.
Diversas teorias sobre a ausência de curvas de luz do KBO foram apresentadas. O cientista de missão do Instituto de Pesquisas Southwest (no estado americano do Colorado), Marc Buie, sugeriu que o ponto de rotação do objeto poderia atualmente estar alinhado diretamente com a espaçonave da NASA à medida que se aproxima e, por isso, a nave não seria capaz de detectar as mudanças de brilho à medida que rocha irregular caísse pelo espaço.
“O Ultima [Thule] pode estar rodeado por uma nuvem de poeira que obscurece sua curva de luz, da mesma forma que o coma de um cometa frequentemente oprime a luz refletida por seu centro”, disse o porta-voz do Instituto SETI, Mark Showalter.
Enquanto que a pesquisadora da Universidade de Virgínia, Anne Verbiscer, sugeriu que o objeto poderia estar obstruído por múltiplas pequenas luas, onde cada corpo está produzindo uma discreta curva de luz, criando uma “superposição de curvas de luz”. Por não haver exemplos conhecidos desse tipo de objeto celeste dentro do nosso Sistema Solar, a ideia se torna inviável.
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