Todos desapareceram no mesmo dia e circunstância, em fevereiro deste ano, e Polícia Civil apura se crimes têm relação com disputa por tráfico de drogas. Um quarto desaparecido da cidade pode estar entre os cadáveres retirados da cova rasa; família fará identificação nesta quinta.
Pelo menos três dos cinco corpos encontrados enterrados em um cemitério clandestino de Jarinu (SP) com sinais de tortura são de moradores de Campinas (SP). As vítimas desapareceram no mesmo dia, em 12 de fevereiro de 2021. A Polícia Civil apura se os homicídios têm relação com uma disputa entre quadrilhas por pontos de tráfico de drogas.
Rui Pegolo, titular da Delegacia de Homicídio de Campinas, informa que pode haver uma quarta vítima da cidade, que também desapareceu na mesma data; a família fará o reconhecimento nesta quinta (22). O quinto corpo, por enquanto, não teria relação com a cidade. As vítimas tinham entre 20 e 35 anos.
Os quatro desaparecidos de Campinas moravam todas na região dos Jd. Florence e Satélite Íris e tinham passagem por tráfico. A Polícia Civil havia instaurado inquérito para apurar o caso. “Os pais relataram que eles entraram em um carro e nunca mais voltaram”, conta Pegolo.
Segundo o delegado, uma das vítimas que foi identificada chegou a enviar para familiares, via aplicativo de mensagens, a localização em que estava no final da tarde do dia 12 de fevereiro. E seria próximo ao cemitério clandestino.
“Pelo aplicativo, ele estava na região de Jundiaí, uns 12, 13 km de onde os corpos foram encontrados. Isso confirma que eles saíram em tese com vida daqui (Campinas) e foram executados na região de Jundiaí. Razão pela qual iremos trabalhar em conjunto com a DIG de Jundiaí para esclarecer a motivação e circunstâncias desses crimes”, informou Pegolo.
O delegado comentou que, aparentemente, os crimes estão relacionados com uma disputa entre quadrilhas de tráfico de drogas na região do Jd. Florence. “Houve um desentendimento entre essas quadrilhas e acabou gerando uma tentativa de homicídio no final do ano passado. Em fevereiro agora, ocorreu a retaliação e esses quatro desapareceram”, explicou.
Cemitério clandestino
De acordo com a Polícia Civil, o cemitério clandestino foi descoberto depois que dois trabalhadores de uma fazenda encontraram duas covas rasas durante o serviço. Eles ligaram para a corporação assim que notaram que a terra estava “fofa”.
A Guarda Civil Municipal foi acionada por volta de 16h30 de segunda-feira, quando começaram as buscas. Durante a noite, dois corpos foram encontrados enterrados, sendo o primeiro por volta de 18h e o segundo cerca de meia hora depois.
Equipes da GCM, das polícias Civil e Militar e cães farejadores do canil da Guarda Municipal de Guarulhos (SP) estiveram no terreno. Uma escavadeira foi usada para ajudar nas buscas, que duraram mais de 18 horas.
Sinais de tortura
Os corpos foram retirados da área, na Estância Marília, entre a noite de segunda (19) e a manhã terça-feira (20). Segundo a Polícia Civil, todos são homens e têm entre 20 e 30 anos de idade. Os cadáveres foram encontrados com as mãos amarradas e tinham sinais de tortura.
“Todos eles estavam amarrados, com indícios de espancamento, de violência, com cortes. É a primeira vez que a gente se depara com isso aqui na cidade”, afirmou Jozenir Burgo, comandante da Guarda de Jarinu.