As bolinhas espalhadas nesses locais assustam, mas o quadro tende a regredir sozinho sem grandes complicações para a saúde. Entenda!
Em uma noite do mês passado, Andrea Sarti, 32 anos, assessora de imprensa de São Paulo, notou que seu pequeno Bernardo, prestes a completar um ano de vida, estava meio amuado. No dia seguinte, teve febre na escolinha e, antes mesmo da hora de ir embora, as primeiras bolinhas vermelhas haviam surgindo na sua boca.
As bolinhas aumentaram, o filho chorava e, quando Andrea o levou ao pronto-socorro, recebeu a notícia de que era catapora. “Entrei em contato com a pediatra dele, que é ótima e já havia me alertado sobre a mão-pé-boca, para avisá-la e ela fez o diagnóstico correto”, completa. A partir daí, foram dez dias de molho em casa, tratamentos para aliviar os sintomas e agora Bernardo já está “100%”, segundo a mãe.
Recentemente, alguns posts nas redes sociais chamaram a atenção para a mão-pé-boca, apontando para um possível surto. Mas a doença, provocada por um tipo de enterovírus, é comum nos consultórios pediátricos o ano todo. “A prevalência dela é bastante alta pois o vírus é de fácil disseminação, especialmente em menores de cinco anos, mas raramente causa complicações”, explica Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Há, entretanto, uma tendência ligeira de aumento de casos no início do outono, quando a temperatura cai e tendemos a ficar em ambientes mais fechados. É que o vírus é transmitido via secreções e contato físico, o que torna a escolinha um ambiente perfeito para que ele se espalhe, assim como aglomerações. Por isso, quando uma criança é contaminada, a tendência é que as outras também passem por isso.
Sintomas e tratamento
A infecção provoca espécies de bolinhas avermelhadas que pipocam rápido nas regiões do corpo que a batizam e podem coçar, além de febre alta e sintomas respiratórios. E, apesar de quase sempre regredir sozinha sem grandes complicações, os pais devem ficar de olho, pois o quadro pode debilitar os pequenos.
“Além da febre alta, as feridas, que costumam ficar perto da úvula, a ‘campainha’ da boca, são doloridas, então a criança pode ter uma grande dificuldade em se alimentar e tomar líquidos”, explica João Krauzer, chefe do serviço de pediatria do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Essa é a manifestação mais clássica da doença, mas ela também tem outros jeitos de aparecer.
“A criança pode ter só a garganta afetada ou ainda exantema, que são manchas avermelhadas pelo corpo”, completa Krauzer. Outra chateação que pode dar a cara são sintomas respiratórios similares aos de uma gripe: tosse e espirro. O quadro regride sozinho em cerca de uma semana, período que pode variar. Como não há um remédio que combata especificamente esse vírus, o tratamento visa combater os sintomas, com medicamentos para a dor, febre, sprays para aliviar a garganta e atenção especial à desidratação, que também pode dar as caras.
E tudo deve ser acompanhado pelo médico, é claro, até mesmo porque há complicações. “É raro, mas o vírus pode também provocar meningite e, mais raramente ainda, encefalite, que é uma inflamação no cérebro”, explica Sáfadi.
Prevenção
Deve ser feita da mesma maneira que a das outras doenças virais: reforçando a higiene, com lavagem constante de mãos e uso de álcool gel quando não for viável usar água e sabão. “Ao chegar em casa da escola, o ideal é já tirar o uniforme e, se possível, tomar banho ou realizar uma limpeza bem feita de rosto e mãos”, aponta Krauzer.
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