Túmulo do Barão de Grão Mogol é violado em Rio Claro, SP

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A constatação do fato, foi feita pelo casal Roxana e Zé Olivato, do canal no Youtube Ruínas e Lugares Abandonados.

O Túmulo do Barão de Grão Mogol que fica na Mata Negra – Distrito de Ajapi – Município de Rio Claro (SP), onde hoje se encontra um canavial, antigamente era um cemitério. Houve um incêndio, sobrando apenas esse túmulo, feito de rocha.  Diz a história que como nada foi retirado, abaixo do canavial ainda se encontram as ossadas de pelo menos 300 escravos.

O local recebe visitas diárias, e nesta quinta-feira (13), tivemos a informação de que o túmulo foi violado e está sendo furtado. A constatação do fato (assista abaixo), foi feita pelo casal Roxana e Zé Olivato, do canal no Youtube Ruínas e Lugares Abandonados. “Beto Ribeiro, hoje estivemos no túmulo do Barão de Grão Mogol, onde nos deparamos com a triste cena de vandalismo e violação do túmulo”, disse Roxana.

História

O Coronel Gualter Martins Pereira, Barão de Grão Mogol (Decreto Imperial de 17 de setembro de 1873), nasceu em Itacambira, centro pecuário e de mineração ao norte de Minas Gerais.

À época do seu nascimento, em 1826, Itacambira pertencia à cidade de Grão Mogol. Arrematada a Fazenda Angélica, de propriedade do London Bank, em 1881, por Rs.305:000$000 (trezentos e cinco contos), o Barão migrou para Rio Claro. Habitada em 1883, a nova sede da Fazenda Angélica foi obra realizada por cerca de oitenta escravos de procedência mineira e baiana.

O Barão, pessoa de destaque no Município de Rio Claro, foi eleito pelo partido monarquista à vereança municipal no triênio de 1886 a 1890, período em que ocupou, também, a Presidência do Legislativo.

Homem culto e progressista, abraçou depois os ideais republicanos pregados por Campos Salles, Cerqueira Cesar e Alfredo Ellis. Renunciou publicamente ao título honorífico de Barão de Grão Mogol e, como cidadão, em 5 de fevereiro de 1888, quando Rio Claro libertava seus escravos, à frente daquela iniciativa, discursou no Teatro São João (Phenix).

Portanto, Rio Claro foi uma das cidades pioneiras na libertação dos escravos, antes mesmo da Lei Áurea. Ao ser proclamada a República, em 1889, coube-lhe, no dia seguinte, como Presidente da Câmara, a missão de anunciar oficialmente ao povo rio-clarense o grande acontecimento.

Faleceu o Barão na Fazenda Angélica, às 4h20, na manhã de 15 de dezembro de 1890, sendo sepultado no Cemitério São João Batista. Consta no recibo n. 407 (Livro 95): “Recebi do Senhor Joaquim Jose de Sá a quantia de oitocentos mil reis 800$000 pela sepultura na quadra particular para o cadáver de Gualter Martins. Rio Claro, 15 de dezembro de 1890. O procurador da Intendência Francisco de Almeida Camargo”.

Depois de trinta anos, uma de suas netas encontrou documento em que ele expressava o desejo de ser enterrado junto de seus escravos; seus restos mortais foram transladados para a fazenda na década de 20.

O túmulo do Barão (em que havia uma lápide – já roubada – com a seguinte inscrição: “Obedecendo a sua última vontade, repousam aqui, os restos mortais de Gualter Martins, Barão de Grão Mogol, orae por ele”), em canavial próximo do Casarão, teve recentemente sua cruz de pedra derrubada pela Usina, que a recolocou, cimentada.

Cumpre ressaltar que nesta região do Distrito de Ajapi, houve enorme concentração de escravos; exemplificativamente, no Bairro da Mata Negra, onde permanecem, ainda hoje, construções e cemitérios daquele tempo.

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