O valor considera toda a cadeia direta e indireta de empregos e de movimentação financeira.
Um estudo inédito desenvolvido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) mostra que a Unicamp foi responsável pela geração de R$ 13,8 bilhões em riqueza para a região de Campinas em 2019, número que corresponde a 21% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. O valor considera toda a cadeia direta e indireta de empregos e de movimentação financeira e inclui o dinamismo econômico proporcionado pelas empresas-filhas. Em relação a postos de trabalho, a Universidade e as empresas-filhas criaram 170.914 empregos diretos e indiretos. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (24) em uma live transmitida pelo canal da TV Unicamp no YouTube.
Participaram do lançamento Teresa Atvars, Coordenadora-Geral da Unicamp, Mariano Laplane, Diretor Executivo de Relações Internacionais, Marcelo Cunha, professor do Instituto de Economia (IE) e membro da Diretoria Executiva de Planejamento Estratégico (DEPI) e Gian Santos, assessor da CGU. O estudo completo já está disponível para consulta. Acesse aqui.
Custo é investimento na sociedade
Para chegar aos resultados, a equipe responsável pela realização do estudo utilizou a metodologia chamada “insumo-produto”, considerando não apenas o que é investido de forma direta na Universidade para o custeio de profissionais, infraestrutura e insumos, mas também a riqueza gerada por meio da movimentação econômica de alunos, docentes, funcionários e pessoas envolvidas com a Universidade de forma indireta. “Cada vez que qualquer um de nós vai ao supermercado comprar um produto, para que esse produto esteja disponível foi acionada toda uma cadeia produtiva de vários setores. A metodologia então que nós utilizamos para avaliar todos esses indicadores percorre todos os elos de todas as cadeias produtivas, associados aos produtos e serviços adquiridos direta ou indiretamente pela Unicamp”, explica Marcelo Cunha.
Isso se revela nos números relativos aos custos para manutenção da Universidade. Em 2019, o valor destinado pela Unicamp para atividades de formação, pesquisa e extensão foi de R$ 2,27 bilhões. Além de ser um investimento direto na sociedade, que oferece serviços de excelência gratuitos, a movimentação financeira gerada pelo orçamento de empresas, entidades, famílias e pessoas vinculadas à Universidade injetou outros R$ 2,79 bilhões na economia de Campinas, o que resulta em um impacto total de R$ 5 bilhões.
Em relação ao número de postos de trabalho, o estudo calcula que a Unicamp responde por 9.247 empregos diretos na cidade. No entanto, o consumo de servidores ativos e inativos, as compras e as contratações de bens e serviços e o investimentos feitos pela Universidade geraram outros 47.144 empregos diretos e indiretos.
A dinâmica em torno dos estudantes dos campi de Campinas, Limeira e Piracicaba também é responsável pelo impacto socioeconômico da Universidade. Considerando um gasto mensal médio por estudante de R$ 1.500, com despesas de moradia, alimentação, transporte e entretenimento, os alunos da Unicamp injetaram R$ 678,1 milhões em 2019. Esse valor, somado com outros R$ 628,2 milhões de renda adicional gerada, mostra um impacto de R$ 1,3 bilhão e a criação de 21.311 empregos adicionais.
“Esses recursos não ficam retidos aqui na Unicamp, pelo contrário. A Unicamp devolve à sociedade esses recursos. E através da circulação desses recursos na economia e na vida social, eles se multiplicam. Os alunos também contribuem com recursos próprios, deles e de suas famílias, para movimentar a economia de Campinas e do Estado de São Paulo”, ressalta Mariano Laplane.
Dinamismo das empresas-filhas e bônus educacional
O estudo levou em conta ainda a geração direta e indireta de empregos e de renda pelas empresas-filhas da Unicamp, empreendimentos que surgiram dentro da Universidade e que ainda mantêm laços com a instituição. Essas 717 empresas em atividade, contabilizadas em 2019, foram responsáveis por 31.343 empregos e registraram faturamento de cerca de R$ 8 bilhões. Acrescidos a esses números, o efeito renda registrado por elas chega a soma de R$ 7,4 bilhões, além da geração de outros 61.870 postos de trabalho adicionais.
Outro benefício trazido pela Unicamp é o do chamado “efeito-diploma”, que estima o incremento de renda que a formação universitária traz para a vida das pessoas. De acordo com o levantamento, o salário médio de um indivíduo de nível médio no Brasil é de R$ 2.449. O valor sobe para uma média de R$ 4.163 para profissionais graduados e R$ 9.719 para mestres, chegando a R$ 13.861, média salarial de doutores. Apesar de ser um efeito direto na renda de pessoas formadas pela Universidade, o crescimento se reverte em bônus para toda a cadeia econômica.
“Esses ganhos, de natureza pessoal, produzem desenvolvimento. Uma maior renda produz um maior consumo, que gera produtos e alimenta uma cadeia de desenvolvimento, gerando novos empregos. A Universidade, por existir, também gera renda e PIB adicionais. No caso particular da Unicamp, há a geração de empresas filhas, que criam novos empregos, mais renda e mais desenvolvimento. Uma universidade pública como a nossa é, talvez, a única instituição com todos esses elos da cadeia”, detalha Teresa Atvars.
A coordenadora-geral da Unicamp reflete ainda que os resultados referentes à Unicamp chamam a atenção para o impacto proporcionado por todas as universidades públicas e para o quanto é importante que elas recebam investimentos e sejam valorizadas por toda a sociedade: “A universidade pública no Brasil é uma entidade completa, que atua em todos os elos da cadeia do desenvolvimento. Ela cuida das pessoas, através dos processos educacionais, e cuida do emprego e da renda, através do desenvolvimento gerado por ela. Nosso estudo mostra então que a universidade pública brasileira é essencial para o desenvolvimento do país”.