Representantes da Unesp, Unicamp e USP se reúnem para estabelecer diálogo com sociedade e desenvolver novas métricas.
As três universidades estaduais paulistas trabalham em conjunto para desenvolver novos parâmetros de avaliação de desempenho e impacto social. O principal objetivo é integrar um número maior de instituições de pesquisa ao debate.
A iniciativa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no âmbito do projeto “Indicadores de desempenho nas universidades estaduais paulistas”, vinculado ao Programa de Pesquisa em Políticas Públicas.
Liderado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Jacques Marcovitch e pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o estudo tem como parceira a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
A proposta é desenvolver novas métricas e indicadores, reforçar a legitimidade social das instituições e estabelecer um diálogo com todos os setores da sociedade, inclusive o público governamental.
“Nenhuma universidade vai prosperar e ter melhor desempenho se as demais não acompanharem esse crescimento. É preciso ser coletivo e promover um movimento em favor da qualidade das instituições de Ensino Superior no Brasil”, disse Jacques Marcovitch, durante o 3º Workshop Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas, realizado neste mês na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Metodologias
O evento, que dá continuidade aos debates realizados na Fapesp, USP e Universidade Estadual Paulista (Unesp), teve o objetivo de identificar o contexto e as metodologias para a análise de indicadores de desempenho atualmente adotados e pensar o futuro das universidades estaduais paulistas, estabelecendo metas para 2022.
Como parte das discussões, foi realizado também na Unicamp o 1º Fórum de Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais, que tinha como objetivo articular parcerias.
Para os reitores da USP, da Unicamp e da Unesp, é preciso que os indicadores também comuniquem o papel estratégico das universidades, sobretudo os dedicados à pesquisa, no desenvolvimento socioeconômico.
“Ninguém tem dúvida da importância das universidades paulistas para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Porém, temos que mostrar a importância dessas instituições para a sociedade como um todo”, avalia Carlos Gilberto Carlotti Júnior, pró-reitor de Pós-Graduação da USP.
“A geração de indicadores deve ser usada para buscar excelência, internacionalização. Nossas universidades têm semelhanças, isso enfatiza a necessidade de buscarmos soluções em conjunto”, acrescenta.
Comunicação
Em tempos de notícias falsas, a iniciativa tem sido vista também como uma forma de melhorar a comunicação e combater argumentos que não são embasados em dados. Isso aprimora a qualidade do Ensino Superior e a reputação no País e exterior.
“Vivemos em um ambiente de debate muitas vezes desprovido de dados. Existem sistemas que poderiam ser compartilhados entre as universidades para a formação de inteligência conjunta sobre o seu papel. Além disso, as universidades públicas têm sido alvo de uma visão negativa na sociedade. Precisamos comunicar melhor e mostrar a nossa importância”, diz Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
Sandro Roberto Valentini, reitor da Unesp, concorda com a necessidade de maior diálogo e também de as universidades deixarem de ser autorreferentes. “O que estamos fazendo é um exercício de comunicação, pois não estamos conseguindo mostrar nossa importância para a sociedade, o que fazemos para o desenvolvimento de São Paulo e do Brasil gerando riqueza. Ao congregar as três universidades estaduais, somos mais fortes”, salienta.
Fórum
O fórum faz parte da segunda etapa do projeto, que lançou, em 2018, o livro “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais”. Uma segunda publicação, com artigos sobre avaliação de desempenho nas universidades, será lançada no início do próximo semestre.
O fórum também teve a participação das reitoras da Universidade Federal Paulista (Unifesp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do reitor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Nesse sentido, além do desenvolvimento de indicadores de avaliação de desempenho em educação e pesquisa, o projeto criou recentemente um grupo de trabalho, com pesquisadores da USP, Unicamp e Unesp, sobre métricas de impacto social e regional – que normalmente não são avaliados nos rankings internacionais.