Universidades do interior de SP se unem para produzir álcool em gel e protetores faciais

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Professores e alunos voluntários de três universidades estão usando os laboratórios da UFSCar Sorocaba (SP) para produzir materiais para unidades e profissionais da saúde.

Por Mayco Geretti, G1 Sorocaba e Jundiaí

As universidades de Sorocaba estão com aulas suspensas em razão da quarentena de combate ao coronavírus, mas professores e alunos de três instituições de ensino estão usando laboratórios do campus Sorocaba (SP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) para produzir protetores faciais e álcool em gel para profissionais da saúde que atuam contra a Covid-19.

As produções envolvem professores da UFSCar, além de alunos da própria universidade e estudantes voluntários da Fatec (Faculdade de Tecnologia) e Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Sorocaba.

O professor do curso de engenharia da produção, Cleyton Ferrarini, conta que a ideia nasceu com uma “vaquinha” na internet para a compra de insumos para a produção de protetores faciais. Foram arrecadados R$ 6 mil, mas ainda está difícil conseguir gastar todo o recurso em matéria-prima para a produção.

“A produção desses protetores está tão grande em todo o país que estamos com dificuldade para encontrar as placas de acetado ou Pet-G que usamos para fazer os protetores. Mesmo assim, estamos garimpando e produzindo com o que encontramos de material”, conta.

Os protetores faciais, que são usados em cima das máscaras para que os profissionais da saúde não sejam contaminados com o contato da saliva de alguém infectado com seus olhos, estão sendo feitos no laboratório de prototipagem da universidade.

Ao todo 30 pessoas voluntárias estão envolvidas no projeto e trabalham em turnos de quatro pessoas em estações individualizadas para que não haja risco de aglomerações.

“Já produzimos cerca de 300 máscaras e ainda não podemos aumentar essa produção por causa da dificuldade com matéria-prima. Temos buscado em todo o Brasil, mas as fabricantes estão priorizando as compras de grandes quantidades por empresas”, explica Miguel Borrás, outro professor envolvido na produção.

Para manter a produção ativa, os materiais já foram comprados em cidades como São Paulo, Santo André e Hortolândia. As máscaras produzidas também estão sendo mandadas para ajudar profissionais de saúde de outras cidades. Além da Santa Casa de Sorocaba, hospitais de Limeira, Piracicaba, Sumaré e Santos receberam doações.

Laboratório de Biologia jamais havia produzido álcool em gel, mas foi adequado por voluntários — Foto: Arquivo pessoal

Álcool em gel para comunidades carentes

Voluntários também estão preparando o laboratório do curso de biologia da UFSCar para começar a produzir, nos próximos dias álcool em gel comum e glicerinado.

O laboratório foi adaptado e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já liberou a produção sem a necessidade de certificação, já que a mão de obra presente no campus é qualificada.

“Estávamos nos sentindo meio inúteis por não podermos fazer nada para ajudar, então fomos aprender a produzir o álcool em gel dentro dos padrões estabelecidos. Não é algo que faça parte da nossa rotina, mas é como podemos ajudar nesse momento”, afirma a professora Mônica Jones Costa.

Mônica explica que além das unidades de saúde, os tubos de 100 ml de álcool em gel serão entregues em comunidades carentes que não tenham acesso ao produto e ONGs que mantém atendimento à população necessitada.

Assim como no caso da produção de protetores faciais, a maior dificuldade na produção é encontrar os insumos. No caso do álcool em gel, está complicado conseguir o Carbopol, um espessante que dá ao álcool em gel sua consistência.

Enquanto ele ainda é conseguido em pequenas quantidades, o laboratório focará na produção do álcool glicerinado, que não necessita de espessante e tem uma consistência um pouco menos viscosa, mas com a mesma efetividade contra o coronavírus.

O laboratório recebeu 100 litros de etanol de um usineiro para iniciar a produção e está conseguindo outras doações de empresas e da comunidade.

Álcool em gel produzido na universidade será doado para profissionais da saúde e ONGs que lidam com públicos carentes — Foto: Arquivo pessoal

Doações

Para poder produzir mais protetores faciais e o álcool, a Universidade está aceitando doações de placas de acetato e PET G, filamentos para impressão 3D, água oxigenada, etanol e carbopol.

As empresas interessadas em ajudar podem entrar em contato com o professor Cleyton pelo Whatsapp (15) 99765-5704.

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