Usinas antecipam safra da cana e elevam expectativa por etanol mais barato

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ANP apontou recorde no preço do biocombustível em janeiro em SP. Economista diz que valor da gasolina deve cair devido ao surto de coronavírus e pressionar queda geral nas bombas.

A safra da cana-de-açúcar só começa oficialmente entre em abril na região de Ribeirão Preto (SP), mas algumas usinas antecipam os trabalhos e o início da colheita aumenta a expectativa dos motoristas, que esperam pela queda no preço do etanol nas bombas.

Em fevereiro desse ano, pela primeira vez na história, o valor médio do litro do biocombustível no estado de São Paulo passou de R$ 3, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em Ribeirão, os postos chegaram a vender o litro do etanol por R$ 3,27.

“Não sei por que na nossa região o álcool é tão caro desse jeito. Para ter combustível, você tira de outra coisa. Eu gasto, em média, R$ 400 por semana. Em média são R$ 1,5 mil, até R$ 2 mil por mês com combustível”, reclamou o mecânico Mizael Alexandrino.

Motorista conta notas de R$ 10 em frente a bomba de combustível em Ribeirão Preto, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV

Safra antecipada

Presidente da Usina Batatais, Bernardo Biagi afirmou que o grupo iniciou a colheita já nesta quarta-feira (4), mantendo a tradição de ser uma das primeiras unidades sucroenergéticas a dar a largada na moagem de cana na região Centro-Sul do país.

A usina tem uma área de cultivo de 60 mil hectares, sendo 75% deles pertencentes a parceiros. Mas, a cana colhida até 31 de março será contabilizada na safra 2019/2020. Segundo Biagi, o preço do etanol só deve cair nas bombas entre abril e maio.

“Esse ano temos uma produção de cana muito boa. As chuvas têm sido bastante generosas, então haverá produção um pouco maior de açúcar falando em termos de Centro-Sul, mas prevalecendo a maior parte da matéria prima ao etanol”, afirmou.

Usina Batatais antecipa colheita da cana-de-açúcar — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV

Dólar e coronavírus

Especialista em agronegócio, o economista José Carlos de Lima Junior disse concordar com a afirmação do usineiro, explicando que o reflexo no preço nas bombas de combustível nunca é imediato, já que o estoque da safra passada ainda está sendo escoado.

“Todo inicio de safra sempre é um momento em que você tem primeiro a liberação dos estoques de passagem e, consequentemente, a própria produção de um novo produto, um novo etanol, que vai ser colocado no mercado”, afirmou.

Ainda segundo Lima Junior, o surto de coronavírus está afetando a economia, influenciando nas cotações do dólar em diversos países e também no preço do barril de petróleo no mercado internacional, o que deve provocar a queda no preço da gasolina.

“Isso fará uma segunda pressão no preço do etanol, para que ele acompanhe essa queda, até porque, se aquela proporção de 70% do preço do etanol em relação a gasolina ficar muito distante, o consumidor pode optar pela gasolina”, finalizou.

Usina de açúcar e etanol em funcionamento em Batatais, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV
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