Fiscalização e legislação mais rigorosa não são capazes de resolver sozinhos o problema
O que custa responder uma mensagem no celular no meio do trânsito? Custa R$ 293,47 e sete pontos na carteira de habilitação.
Isso vale desde novembro de 2016, quando foram realizadas mudanças nas punições do Código Brasileiro de Trânsito, as primeiras desde 2000. Antes, o celular não era tão onipresente, e seu uso ao volante era considerado apenas uma infração média.
“A lei ficou mais severa para chamar a atenção das pessoas, mas a principal mensagem que queremos passar é a de que o motorista é quem tem de se conscientizar”, explica Maxwell Vieira, diretor-presidente do Detran-SP.
“O uso do celular ao volante é uma das causas mais recorrentes de desatenção no trânsito, além de ser um grande causador de acidentes”, afirma Vieira. Segundo levantamento do Infosiga-SP, um banco de dados do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, 94% dos acidentes nas vias com mortes são causados por falhas humanas, como imprudência e distração.
De acordo com Dirceu Rodrigues, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), estima-se que o uso de tecnologias ao volante seja a quarta maior causa de acidentes do mundo, atrás apenas de excesso de velocidade, consumo de álcool
ou drogas e fadiga.
Para o médico, fiscalização e legislação mais rigorosa não são capazes de resolver sozinhos o problema. “A fiscalização é muito difícil, simplesmente não possuímos recursos humanos para isso”, diz. Esse tipo de multa é aplicada manualmente, a infração não é identificada por radares, o que dificulta seu flagrante.
“O ambiente tecnológico, de maneira geral, não é compatível com a direção segura”, diz Rodrigues. “Mesmo quando o motorista utiliza o viva voz, sua atenção está voltada ao que ele vai atender. Ele perde a visão periférica e fica suscetível ao acidente.”
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